sábado, 16 de junho de 2012

Guerras

As Sagradas Escrituras falam de três tipos de guerra: Guerra de Conquista, Guerra pelo Poder e Guerra Civil.

A Guerra de Conquista é a que se faz para tomar território, como Josué tomou todas as terras que Deus prometera a Abraão. Geralmente pensamos que esse tipo de guerra é coisa do passado, entretanto em 1982 a Argentina e a Inglaterra guerrearam pelas ilhas Falklands/Malvinas e até hoje a Argentina pugna nos órgãos internacionais pela posse delas. O conflito atual entre a Índia e o Paquistão, que a ONU não chama de guerra, embora se arraste por 30 anos e já tenha causado 29 mil mortes, tem como motivo principal o domínio da região da Caxemira.

E, francamente, quando vejo traficantes lutando por seus territórios, mesmo que seja dentro de um Estado legítimo, como o Brasil ou o México, não consigo ver muita diferença prática.

Embora os livros técnicos não façam essa distinção, me atrevi distinguir a Guerra pelo Poder da Guerra Civil. Um exemplo do que eu chamo de Guerra pelo Poder é guerra de Absalão contra seu pai (2Sm 15-18) onde o objetivo foi claramente tomar o governo central a qualquer preço. E um exemplo do que eu chamo de Guerra Civil é a revolta contra os benjamitas devido a concubina do levita (Jz 19-21), onde não houve disputa pelo poder, mas uma luta interna para extirpar um mal cometido.

Esses dois tipos de guerra estão presentes em nossos dias, mas é muito difícil encontrar o segundo tipo. Tanto é que ambas são chamadas de Guerras Civis.

Modernamente criamos uma figura interessante: a revolução (armada), que, a meu ver, nada mais é do que uma guerra dentro do próprio país, portanto, contra o governo vigente, para a qual se acha justificativas éticas, seja de opressão, seja de corrupção ou até de ideologia.

A guerra tem um único objetivo: dominar o adversário e impor-lhe a vontade. Mas possui muitas características, das quais duas se destacam: a estratégia e a violência. Essas duas caraterísticas estão presentes em todas as guerras.

Os governos totalitários são os mais suscetíveis à guerras internas, pois quando o poder é detido por uma só pessoa a cobiça desperta as demais.

A transição para os governos democráticos, embora se diga que foi um forma de evitar que um só domine sobre todos, na realidade foi também uma tentativa de acabar com o segunda característica das Guerras pelo Poder.

A disputa pelo poder continua, porém tem a vantagem de ser validada, aberta e conhecida de todos. Os grupos que disputam o poder continuam se aglomerando em torno de alguém que melhor os lidere e os conduza a vitória. Os financiamentos dessas empreitadas é tão caro quanto o financiamento de um exército e, às vezes, são tolerados acordos escusos como se toleraria em uma guerra. Mas houve uma mudança: As armas - característica da violência - foram substituídas pelos votos.

Entretanto a estratégia continua presente e mais importante do que nunca. Vale tudo para se tomar o poder e qualquer coisa que possa ser usada a favor ou contra o inimigo deve fazer parte do plano estratégico.

Analisando por este aspecto o estado democrático é um estado que vive em guerra. Uma guerra “domesticada” mas, aos olhos de Deus, não menos violenta, pois se não há assassinatos, o sexto mandamento é sempre quebrado através das difamações e das calúnias que já consideramos parte do processo eleitoral.

Mas, e a violência tradicional, que é inerente à constituição humana, especialmente após o pecado?

Infelizmente os “guerreiros” aparecem nos maus tratos impingidos ao próximo (lembre-se de como Jesus disse que o sexto mandamento é quebrado apenas ao chamarmos nosso irmão de tolo) e na criminalidade crescente. Porém, mais infelizmente ainda, a violência está institucionalizada nas competições esportivas e suas torcidas, nas paradas e nas marchas. É a válvula de escape necessária à governabilidade das massas.

Não preciso falar do quanto qualquer torcida pode ser violenta, mas você já percebeu no quanto os campeonatos esportivos internacionais se assemelham a guerras em que cada país é enaltecido com ufanismo?

Nas paradas e nas marchas se processa um pensamento triunfalista. Só se marcha sobre um território vencido e quem marcha exibe seu poder à quem o vê. A marcha é uma exibição de vitória.

Todos esses comportamentos, a que geralmente não damos muito valor, tem em comum o desprezo pelo próximo que foi conquistado pela violência, seja militar, como nas guerra antigas, seja democrática, como nas atuais.

Há outra forma de viver? Enquanto estivermos debaixo da herança do pecado, não! Quando nosso Senhor nos libertar da tirania dele, viveremos para o que fomos criados e a violência já não fará mais parte de nossa natureza.

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