sexta-feira, 2 de dezembro de 2005

Tipos de vida

Quando nosso Senhor e Mestre falou “eu vim para que tenham vida e vida em abundância”, ele estava falando mais do que de uma vida alegre e intensa, como interpretam aqueles que vêem as Escrituras superficialmente. Examinando-as bem, vemos que elas falam de três tipos de vida e conseqüentemente de três tipos de morte. Jesus veio nos garantir os três tipos de vida - este é o sentido mais profundo de sua declaração - e nos livrar dos 3 tipos de morte.

Adão recebeu de Deus dois tipos de vida: Vida biológica e a vida espiritual. Se tivesse resistido a tentação receberia imediatamente o terceiro: vida eterna.

A vida biológica é a que todos possuímos. Ninguém, nem mesmo os mais céticos, questiona a existência dela, mas ninguém sabe explicar o que ela é. Cada dia se descobre mais acerca dos mecanismos de seu funcionamento, mas, até hoje, não há uma definição do que ela seja.

A vida espiritual é aquela que Adão tinha antes de voltar-se contra Deus. É também a vida que todos aqueles que foram ligados ao Segundo Adão, Jesus, recebem. Ao pecar cumpriu-se em Adão: “...certamente morrereis”. Ao receber Jesus cumpre-se: “ele vos deu vida estando vós mortos em vossos delitos e pecados”. Note: recebemos vida, pois estávamos mortos.

Portanto a primeira morte foi espiritual - o pecar - e causou a segunda morte: a biológica. A primeira ressurreição também é espiritual - a conversão - e é a condição para que aconteça a segunda ressurreição: a ressurreição do corpo.

A vida eterna atingirá a todos os que morrerem biologicamente estando vivos espiritualmente. O espírito estará com Deus enquanto o corpo - representante físico da vida biológica - decompõe-se na terra. Porém, no último dia, quando o Senhor recuperar tudo o que ele mesmo fez, receberemos o que Adão teria recebido se não tivesse cometido o pecado.

Semelhantemente a morte eterna atingirá todos os que morrerem biologicamente estando mortos em seus delitos e pecados. Não se trata de extinção, mas de uma condição, pois viver e morrer eternamente é estar com Deus ou estar sem Deus por toda a eternidade.

Cristo assumiu nossa natureza, para desfazer o erro de Adão, e do mesmo modo como Deus imputou a todos os descendentes de Adão o erro dele e suas conseqüências, imputará também a nós os méritos de Cristo e suas conseqüências também.

O Natal foi o começo dessa caminhada de Cristo: “fez-se reconhecido em figura humana” até a morte e morte de cruz.

Digamos como o poeta cristão:
Cristo, eternamente honrado do seu trono se ausentou!
E entre os homens, encarnado, Deus conosco se mostrou.
Quão bondosa Divindade! Quão gloriosa Humanidade!
Salve Cristo, Emanuel, Luz do mundo, Deus fiel

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá Reverendo!
Após alguns dias lendo apenas meus e-mails (e olhe lá), consegui dar uma parada para ler outras coisas e fui brindado com a leitura desta sua última postagem. Ela me fez voltar a um trecho de livro que li há alguns dias transcrito na revista "Entre Livros" (n.7, p.17): "O fato espantoso é que, apesar de toda a pretensa valorização de uma razão fria e de uma postura de completa objetividade diante das coisas, o ideal moderno é viver sob o mais metódico e fantasioso escapismo. É viver como se a morte não nos dissesse respeito. No ambiente moderno, secularizado e tecnicamente aparelhado, a experiência do 'morrer antes do morrer'- a elaboração subjetiva e madura da inevitabilidade da própria morte - foi estigmatizada como uma espécie de anomalia ou morbidez a ser banida do campo de atençao consciente. Na caverna high-tech do alheamento, sob o bombardeio de estímulos da grande metrópole, a sombra do efêmero ofusca a luz do mistério. A lâmpada elétrica apaga o céu noturno e o entretenimento eletrônico embala a morte-em-vida em que a consciência da morte adormece. O homem moderno cruza velozmente os ares, mas não mira o cosmos." (do livro 'O Valor do Amanhã' - Eduardo Gianetti).
Um grande abraço

Marco Rodrigues

Oliveira disse...

Caro Reverendo

Já fui tricotômico...

Corpo - carne, sangue e ossos.
Alma - razão, emoção e vontade.
Espírito - intuição de Deus, comunhão com Deus, consciência de Deus.

Hoje, já me rendi ao entendimento dicotômico, que é o que as escrituras revelam, pois mais lindas que sejam as teorias que antes nos influenciavam.

Mas uma dúvida ainda paira sobre a minha cabeça. Não dúvida de que somos dicotômicos, outra dúvida.

Lhe pergunto então:
- Antes do novo nascimento, estamos espiritualmente mortos em delitos e pecados.
- Alma e espírito biblicamente falando são palavras intercambiáveis.
- Se a pessoa está morta espiritualmente, vive somente o corpo? Então razão, emoção, vontade são demonstrações do corpo? Não seriam do espírito ou alma do ser? Mas se forem então o espírito ou alma ainda vive? Mas a escritura não diz que estão mortos? É possível o espírito estar vivo e morto ao mesmo tempo?

Vê se me dá esta ajuda e dá uma organizada na bagunça acima e me aponte onde está a falha do meu pensamento.

Um abraço e desde já obrigado.