sábado, 9 de dezembro de 2006

Entre a Manjedoura e o Túmulo (b)

Para nascer na manjedoura nosso Senhor esvaziou-se de si mesmo. Deixou de lado, voluntariamente, alguns dos atributos que o caracterizavam como Deus - por exemplo, a onipresença - e se fez carne. Passou a compartilhar a natureza do que ele mesmo criara. Passou a sujeitar-se ao que ele mesmo estabelecera.

Para repousar no túmulo nosso Senhor abriu mão, voluntariamente, de certos atributos que caracterizam os homens - por exemplo, o apego à vida - e a si mesmo se entregou. Injusta e passivamente sofreu a aplicação do castigo que era devido àqueles que o Pai lhe deu, e, finalmente, voluntariamente, rendeu seu espírito.

Sua manjedoura, emprestada de animais domésticos, teve suas palhas forradas pelas faixas em que foi envolto, mas não o reteve por muito tempo: quarenta dias depois foi levado à casa terrestre de seu Pai, onde, contemplado por fiéis, foi apresentado. Já havia recebido em seu corpo a única marca que era permitida a um judeu.

Seu túmulo, emprestado de um homem rico, recém cavado na rocha, também foi forrado - com o lençol de linho que outro José usou para amortalhá-lo - e também não o reteve por muito tempo. Novamente, quarenta dias depois compareceu à casa do Pai. Desta vez à casa celeste. Desta vez, além da própria marca da Aliança, apresentou ao Pai todas as marcas que adquirira dos que ele mesmo representou.

Entre a manjedoura e o túmulo fez muitas coisas. Aprendeu com seu pai terrestre a arte de trabalhar a madeira, e a trabalhou. O que fez nessa época ainda saberemos, porém temos certeza de que não foi sem motivo que ficou conhecido como “construtor”.

Entre a manjedoura e o túmulo, quando completou os 30 anos necessários, chamou a si aqueles que ele mesmo quis e os treinou para completar o que ele iniciou de uma vez por todas: os fez alicerces de sua nova construção.

Entre a manjedoura e o túmulo outras madeiras e outros pregos não lhe foram instrumentos dóceis, porém eram parte importante dessa construção maior: a casa eterna: verdadeira cidade para todos aqueles por quem morreu.

Enquanto as festas deste mês de dezembro nos lembram a manjedoura, não esqueçamos que para apreciá-la precisamos entender corretamente o significado do túmulo. Ela foi apenas o início.

O brilho característico da tradição natalina será falso, supersticioso e indigno do Senhor de todas as coisas, se ele não tiver nascido em nosso coração (que pode ser tão acanhado como uma manjedoura, afinal, ele não liga pra isso) nem estivermos dispostos a dividir com ele seu túmulo: mortos com ele para o mundo, mas vivos, com ele, para Deus.

Indizível alegria! Nos alegremos muito! Afinal ele trilhou, antes de nós, o caminho entre a manjedoura e o túmulo e nesse caminho há uma cruz. Quando ela nos parecer pesada, ou o caminho se mostrar árduo, lembremos das benditas palavras: “não temerei mal algum, pois tu estás comigo. O teu bordão e o teu cajado me consolam”.

Glórias a Deus. Manjedoura que é, meu coração recebeu o Senhor!

5 comentários:

Anônimo disse...

Folton, gostaria de distribuir este texto durante a escola bíblica na igreja em que congrego. Acaso não haja empecilhos, confirme por favor, um abraço, seu leitor, Ricardo!

folton disse...

Ricardo;
Pode distribuí-lo. Que seja para a glória do Senhor.
ab
Fôlton

Anônimo disse...

Caro Fôlton,
tal como o Ricardo, também gostaria de distribuir essa mensagem a irmãos da igreja e na minha classe de escola dominical.
Um abraço,
Flávio

folton disse...

Flávio, meu irmão;
Use-o, como for preciso, para glória do Senhor.
ab
Fôlton

Anônimo disse...

Caro Fôlton,

Maravilhosa leitura. Poderia estar lendo há tanto tempo... Ainda bem que descobri antes de chegar ao túmulo.
Que cada palavra, inspirada por Deus, nos leve a uma manjedoura. E como crianças nos tornemos dignos do Reino dos Céus.

Abraços, Maíra.
obs.: breve entrarei em contato. O senhor por acaso tem msn? Conseguirei restaurar 'aquele texto'.