segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

A que compararei o Reino de Deus?

No segundo ano de seu ministério o Senhor, ensinando através de parábolas, pergunta: “A que compararei o Reino dos Céus? A que é semelhante?”

Não é uma pergunta retórica – daquelas que se faz quando se quer ouvir uma determinada resposta – e sim a dificuldade de expor realidades espirituais para quem nasceu e continua em pecado, em rebelião contra Deus.

Como haveriam de entender se os olhos estavam cegos, os ouvidos surdos e o coração endurecido? Era preciso recobrar-lhes a vista, restaurar-lhes a audição e falar-lhes ao coração. E a voz que disse “haja luz” e houve luz, passa a apresentar o que ele mesmo chamou de “mistérios do Reino”: seu Espírito Santo levará a mensagem dos ouvidos ao coração de cada ovelha de seu Rebanho: aquelas que ouvem sua voz e o seguem.

Um dos mistérios do Reino é ter aparência fraca como a semente ou como o fermento. A semente de mostarda. A menor de todas. Porém, forte bastante para brotar sozinha, sem que o semeador saiba como. Forte também para se tornar a maior de todas as hortaliças e suportar aves em seus galhos. Explicando, ele diz que a semente é a Palavra de Deus.

O fermento sempre em pitadas, no entanto leveda a tudo com que entra em contato.

Outro mistério é ser altamente desejável para os que o conhecem. Como um tesouro escondido no campo, ou como uma pérola de grande preço.

Outro mistério ainda é ser como uma rede de pesca, que a tudo pega, porém, assim como a semente, jogada nos quatro tipos de campo, só vingou em dois e só frutificou em um, assim também apenas alguns peixes são selecionados.

Aproximando-se da morte e sendo cada vez mais questionado, as parábolas, através das quais o Senhor falava do Reino dos Céus, ganham cores mais fortes. Passam a falar de perdão e recompensas no Reino.

Em uma o Reino dos Céus é comparado a um rei que resolveu ajustar as contas com seus servos. Como não podiam pagar perdoou-lhes as dívidas. Mas em seguida toma vingança do que lhe devia mais e que se recusava a perdoar uma pequena dívida de um conservo.

Noutra, compara o Reino dos Céus a um “dono de casa” que sai de madrugada, na metade da manhã, ao meio dia, na metade da tarde e ao entardecer, e contrata trabalhadores para sua vinha. Aos contratados de madrugada prometeu um denário, aos demais prometeu o que for justo. Entretanto, para o desapontamento dos primeiros que esperavam mais, ele pagou a todos igualmente.

E, por fim, as cores fortes assumem ares dramáticos quando ele passa a falar de castigo. Compara o Reino dos Céus a um rei que celebrou as bodas de seu filho, que, indignado com o pouco caso que os convidados fizeram de seu convite e do tratamento dado a seus servos que levaram o convite, enviou suas tropas, exterminou a todos e queimou-lhes a cidade.

Mas o desfecho, a última parábola, registrada por Mateus, sobre esse assunto, compara o Reino dos Céus a dez virgens, que saem para encontrarem-se com o noivo. Cinco delas, prudentemente, levam suprimento de reserva para suas lâmpadas e à meia-noite encontram-se com o noivo, enquanto as outras cinco, néscias, procuravam azeite para suas lâmpadas que se apagavam.

De tão rico o Reino dos Céus, só pode ser descrito, em seus muitos aspectos àqueles que esperam por ele. Que anseiam por ele. E mesmo para esses, o Reino é mostrado por figuras. Figuras que vão de sua formação, como a semeadura, até sua consumação: o castigo dos que desdenharam dele e o encontro dos súditos prudentes com o rei.

Semelhante a muitas coisas que conhecemos, mas diferente de outras tantas. Principalmente daquilo que gostaríamos que ele fosse. Pois, afinal, o Reino dos Céus não é uma democracia, onde os governantes são tão bons quanto seus governados e refletem suas peculiaridades e mazelas.

O Reino dos Céus, que já está presente no coração de seus súditos, ainda não se manifestou visivelmente a todos. Questão de tempo. Logo ele se manifestará.

Nos preparemos para recebê-lo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Cara Reverendo Folton

Me chamou atenção a parte "...A menor de todas. Porém, forte bastante para brotar sozinha, sem que o semeador saiba como...".

Sem saber o semeador como se deu...

Lendo seu texto, lembrei também o seu sermão, que ouvi aqui na minha cidade, onde o semeador parece um louco, pois vai jogando as sementes a esmo... em lugares onde aparentemente não se deveria semear.

Um abraço

folton disse...

É por essa razão que só acredito na evangelização que parte do pressuposto que há eleitos. Como não sei quem são (pois sou um semeador cego) "semeio" em todos.