quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Como escolher um candidato

No livro “O Espírito das Leis”, Montesquieu nos ensina que os governos ditatoriais e tiranos se mantém pelo medo, os governos monárquicos pelos princípios da honra e os governos democráticos pela virtude, e faz questão de explicar que não se refere a virtude em seu sentido religioso.

Estamos vivendo os dias em que os candidatos aos cargos de governo estão se apresentando a fim de nos convencer a votarmos neles. Se Montesquieu tiver razão - e acho que ele tem - podemos encontrar alguma virtude naqueles, que não se cansam de mostrar o quanto são bons, capazes e honestos?

Acaso seria virtuoso quem se apresenta como o único capaz de fazer isso ou aquilo? Ou quem enaltece seus feitos?

Falando sobre isso com um “candidato evangélico” ele me explicou: “nosso povo tem memória curta. Precisamos relembrar o que foi feito, senão votam na campanha mais bonita”.

Entendi. Não concordei, mas entendi. E deplorei!

Há uma figura que mostra bem a insensatez deste tipo de raciocínio: Imagine que você vá fazer uma viagem de avião com outros duzentos passageiros, e, ao chegar no aeroporto, seja informado que deve ir à determinada sala a fim de eleger um dos passageiros como piloto. Você se arriscaria numa viagem dessas? Você aceitaria a incumbência se acaso fosse o eleito?

Hoje, a escolha “dos pilotos de nossas cidades” não é feita pelo medo (embora a imprensa tenha noticiado que em determinados lugares, alguns estão ameaçando os eleitores), pois tal escolha é privilégio da elite que se impõe.

Também não é feita por sucessão familiar em que, por compromissos de honra, tenhamos que obedecer ao domínio de uma “família real”. Afinal ao estabelecer a República no Brasil, não apenas proibimos títulos de nobreza como desterramos apressadamente e à noite D. Pedro II, imperador de então.

Devemos escolher dentre nossos concidadãos os mais virtuosos e delegar-lhes poder de mando. A questão toda é: que critérios usaremos para descobri quais são os mais virtuosos?

Se nos fixarmos em Montesquieu o mais virtuoso será aquele para o qual o estado estiver acima de tudo, principalmente de seus interesses pessoais.

Encontraríamos sequer um que não tivesse qualquer tipo de interesse em ser eleito? Que abrisse mão do dinheiro que vai ganhar? Da influência que facilitará sua ascensão social ou a melhoria de vida de seus queridos? É difícil. É quase impossível. É praticamente impossível.

A ética cristã não condena o governante que ganha para ser governante nem o que acumula influência.

A Bíblia é clara: “Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. ... É necessário que lhe estejais sujeitos, ... por dever de consciência. Por esse motivo, também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo, constantemente, a este serviço. ... a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra” (Romanos 13.1-7).

Então, em quem votaremos?

Um bom critério nos é dado pelo Senhor Jesus. Na realidade ele nos foi dado para conhecer falsos líderes religiosos, mas acho que serve também para escolher políticos: “Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus” (Mateus 7.16-17).

Pelo contexto “frutos” tem um sentido claro: as características que acompanham quem é guiado pelo Espírito de Deus. Ou seja: “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio” (Gálatas 5:22-23). Porém, como extrapolamos o contexto, e, de falsos religiosos, estamos procurando falsos políticos, o termo “frutos” poderia muito bem ser aplicado ao que ele já fez.

Não estou me referindo apenas a obras, ou leis, mas principalmente a decisões que ele tenha tomado em momentos de crise.

Se ficou “em cima do muro” ou foi pusilânime - posição mais confortável e preferida pela maioria - é de se imaginar que no futuro faça o mesmo e deixe seus governados arcarem as conseqüências.

Se assumiu posição, de que lado ficou? Do lado da ética, da verdade, da moral, da austeridade, dos bons costumes? Ou ficou do lado em que agradaria mais eleitores?

Lembre sempre: Quando você elege alguém, não está delegando-lhe poderes para lhe agradar, mas para fazer o que é direito e o que precisa ser feito.

Escolha bem. Você tem um mês para analisar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pastor

Muito propício, esclarecedor e DIRETO.

Cabe tão somente a nós analisarmos com o devido cuidado as opções "disponíveis".


Cordialmente


Roberto

PS1: Seria interessante publicar tal argigo no Diário do Rio Doce.

PS: Ainda bem que não terei essa responsabilidade esse ano.

folton disse...

Roberto;
Obrigado.
Já me falaram de publicar no diário. Está a disposição. A única coisa que peço é que não mutilem (geralmente cortam parágrafos para economizar espaço).

ab
Fôlton

Beijos em tua meninas.