quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Por uma Reforma Continuada

Desde a época apostólica a Igreja tem sido assolada por uma grande quantidade de inimigos. Inimigos externos e internos, como o apóstolo Paulo ensinou aos presbíteros da Igreja que haveria de esquecer seu primeiro amor.

Não estou falando das perseguições, pois tais começaram antes dela ganhar a estrutura com que foi caracterizada no dia de Pentecostes. O próprio Senhor Jesus era perseguido. Refiro-me aos atentados à sua essência.

Antes do último apóstolo morrer já havia facções que lutavam para impor à Igreja seu modo de pensar e de ver o mundo. O apóstolo João, bem velho, amparado por amigos ditou seu evangelho, preocupado com a Igreja que estava sofrendo as idéias gnósticas.

Após a era apostólica, ou o primeiro século, houve um período de mais de duzentos anos, em que todos os ensinos deixados pelos apóstolos, foram organizados em doutrinas bem definidas e estabelecidas. Dessa época nos veio o Credo Niceno, resultado do terceiro concílio e que até hoje é uma das balizas de nossa fé. A esse período chamamos de patrística, pois os historiadores referem-se aos sucessores dos apóstolos como “pais da igreja”.

O último desses gigantes foi Agostinho, que, com exceção de algumas coisas, é para nós um marco na interpretação da Bíblia e na formulação da cosmovisão cristã.

Após Agostinho, a Igreja entrou em um período estranho, a que muitos historiadores chamam de Era das Trevas. Era a idade média. Houve desenvolvimento no estudo das Escrituras, mas como imperou a clausura e muito do que foi registrado se perdeu em guerras, pouco se pode destacar, além do trabalho de Tomas de Aquino, que sujeitou o pensamento da Igreja aos princípios da filosofia de Aristóteles e a amarrou mais fortemente aos erros que já se manifestavam nos dias de Agostinho.

Nessa época encontramos também os pré-reformadores. Aqueles que viveram antes dos reformadores do século 16 e que já lutavam por um ou mais pontos que vieram caracterizar a Reforma Protestante. De um modo geral há algum acordo em torno dos nomes de John Wycliff na Inglaterra no século 14, John Huss na Boêmia, no começo do século 15 e Jerônimo Savanarola na Itália, no fim do século 15.

Porém, o movimento mais consistente aconteceu no século 16 e seu início é atribuído a Martin Luther na Alemanha.

Dizer que o ambiente cultural e político não contribuiu para a Reforma Protestante ou para os atos de Lutero, é o mesmo que negar a ação da providencia divina, mas dizer que a Reforma Protestante foi apenas um movimento político é desconsiderar seu papel destacado na vida espiritual de povos inteiros.

Se Lutero começou, Calvino foi quem deu a forma final. Pouco foi sistematizado depois de Calvino.

Mas, se as doutrinas cristãs já haviam sido sistematizadas no período patrístico, por que foram sistematizadas novamente? A Igreja havia tomado outros trilhos e a luta dos reformadores era para que ela voltasse à pureza apostólica, pois mesmo na era patrística havia sementes dos erros que frutificariam depois.

Além de Calvino, houve muitos outros: Zuínglio, Beza, Knox ... tantos.

E nós, hoje.

Cabe-nos continuar a obra desses homens que seguindo o exemplo apostólico lutaram pela pureza da Igreja. Como cada época tem seu tipo de sujeira, cada época deve ter também seus limpadores adequados.

A maior sujeira do século 16, a que desencadeou a ira de Lutero, foi a venda de indulgências. Qual será a de nossos dias?

Cabe-nos discernir e lutar contra ela, daí a necessidade de uma Reforma Continuada. Daí a necessidade de voltarmos sempre, não ao tempo de nossos pais ou avós, mas ao tempo dos Apóstolos. E o único caminho para isso é a Bíblia.

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