sábado, 6 de fevereiro de 2010

Seja feita a tua vontade.

Nada é tão difícil para um cristão quanto dizer a Deus, com sinceridade “seja feita a tua vontade”. Especialmente como um pedido.

Hoje já não conhecemos o que é obedecer apenas por obedecer. Para cada preceito a que obedecemos exigimos um sentido, uma coerência lógica bem fundamentada.

Agora veja a situação: se necessitamos ser convencidos da razoabilidade daquilo a que vamos obedecer, como poderemos entender toda extensão do que significa pedir “seja feita a tua vontade”?

Talvez até estejamos dispostos a fazer tal pedido quando os resultados forem indiferentes. Como recentemente ouvi a respeito de um carro novo: “eu queria um verde claro, mas o vendedor me disse que o modelo novo só era fabricado naquele tom meio azulado. Então pensei: seja feita a vontade de Deus”.

Reparou? Será que isso é uma submissão à vontade de Deus? Aliás, não é um exemplo claro de se tomar o nome de Deus em vão?

Quando é a vida de um querido que está ameaçada, ou nosso próprio destino que está sendo definido, pensamos duas vezes antes de dizer - se dissermos - “seja feita a tua vontade”.

Fazer a vontade do Pai foi o motivo pelo qual o Senhor assumiu nossa natureza sujeitando-se às vicissitudes próprias de nosso estado. Veja o que ele mesmo diz: “Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou” (Jo 6.38).

Fazer a vontade do Pai era seu prazer: “Disse-lhes Jesus: A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4.34).

Às vésperas da cruz ele orou: “Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e sim a tua” (Lc 22.42).

De fato, não há declaração mais difícil para um cristão dizer com sinceridade. Entretanto, da vontade de Deus, depende nossa própria existência e não apenas nossos relacionamentos, prosperidade ou saúde.

As Escrituras afirmam que o bom cônjuge é dádiva de Deus, bem como nos exortam a pedir sua bênção sobre as obras de nossas mãos. E a saúde? Acaso viria de outrem que não o próprio Criador? Ou seja: dependemos de sua vontade até para escolher com quem vamos dividir nossos dias (escolha que cremos fazer em total liberdade). Poderíamos então fugir de sua vontade?

Submeter nossa vontade à dele significa obedecer sem perguntar a razão. O que nossos pais deviam ter feito antes de pecar e o que somente os cristãos verdadeiros (aqueles em quem o Espírito Santo fez morada), conseguem fazer. Talvez esta seja a maior diferença entre um cristão e um não cristão: obedecer sem perguntar o por que.

Este tipo de obediência, que poucos cristãos conseguem e nenhum não cristão é capaz sequer de entender, as vezes machuca. Mas a dor é de pronto recebida como amiga pois é o mesmo tipo de dor que o Senhor sofreu. Junto com ela vem grande consolo espiritual que excede a todo entendimento e nos faz crescer no conhecimento e na graça daquele que sofreu por nós apenas para tornar concreto seu pedido ao Pai: “seja feita a tua vontade”.

4 comentários:

Oliveira disse...

Caro Reverendo

Quando eu era pequeno, e pedia para jogar bola, meu pai por vezes dizia não, logo então eu perguntava o porquê e ele em algumas ocasiões dizia os motivos e em outras dizia somente "porque não".

Mais tarde eu lhe perguntei os motivos de me dizer não quando não havia nenhuma explicação para a negativa e ele me disse "na vida, dos patrões, e outras situações você vai receber muito mais nãos sem explicação do que nãos explicados... eu só estou te preparando para estas situações e para que não sofras tanto quando receberes um não sem motivos".

Gostei da sua reflexão Reverendo, uma vez que hoje, os cristãos em geral me parecem dispostos a obedecer somente quando sabem os motivos, até parece barganha... tipo vou obedecer somente se souber as vantagens antes.

Grande abraço!

Oliveira disse...

Caro Reverendo

Quando eu era pequeno, e pedia para jogar bola, meu pai por vezes dizia não, logo então eu perguntava o porquê e ele em algumas ocasiões dizia os motivos e em outras dizia somente "porque não".

Mais tarde eu lhe perguntei os motivos de me dizer não quando não havia nenhuma explicação para a negativa e ele me disse "na vida, dos patrões, e outras situações você vai receber muito mais nãos sem explicação do que nãos explicados... eu só estou te preparando para estas situações e para que não sofras tanto quando receberes um não sem motivos".

Gostei da sua reflexão Reverendo, uma vez que hoje, os cristãos em geral me parecem dispostos a obedecer somente quando sabem os motivos, até parece barganha... tipo vou obedecer somente se souber as vantagens antes.

Grande abraço!

folton disse...

Oliveira;

Fico agradecido e temeroso, pois esta obediência, sem motivos, também é minha preocupação pessoal.

Não deixe de orar por mim.

ab
Fôlton

Unknown disse...

Deus te abençoe! Fico feliz por este ensinamento. Sou um que tenho meus porquês. Mas a cada dia descubro que este Deus bondoso e maravilhoso sempre faz o melhor por nós em Jesus Cristo!