Há um ou dois anos, ouvindo uma palestra sobre a vida no lar, tive meu primeiro contato com um novo sentido em que a palavra “profecia” está sendo usado. A palestrante disse: "Na minha casa acontece esse tipo de problema também. E eu resolvo com oração. Mas tem dias em que parece que tudo dá errado. Então, nesses dias, eu “rodo a baiana” e profetizo: Em nome de Jesus, sai prá lá espírito de confusão"!
Poucos dias atrás recebi um pequeno filme de uma “cantora gospel” de renome, em que ela dizia já ter ido a Barretos levando o Apóstolo Fulano, e, segurando na ferradura, profetizou que Jesus é o dono daquela arena.
Quando ouvi a primeira declaração, perguntei a amigos e eles me disseram que era apenas um modo de falar. Entretanto, depois dessa outra concluí que este modo de falar está enraizado em uma visão de mundo completamente diferente do que as Escrituras nos mostram.
O que as duas frases possuem em comum é a palavra profecia. Na primeira frase o que é chamado de profecia é uma espécie de esconjuração. A frase equivale a “sai daqui coisa ruim”. A única diferença é que quem a proferiu usou o nome do Senhor Jesus para tornar essa esconjuração mais aceitável aos ouvidos evangélicos. Tanto é que cometeu um lapsus linguæ: “rodo a baiana”.
Na segunda frase a tal “cantora gospel” assumiu um papel, muito semelhante aos profetas da velha aliança, inclusive o “pegar na ferradura”, pois muitos deles intensificaram suas palavras proféticas com exemplos, gestos e objetos.
As duas frases, além de banalizar um termo tão sublime como profecia, pecam por falsidade.
São profecias falsas sim. Na primeira frase a expressão “nesses dias” deixa claro que ela foi “profetizada” repetidas vezes. Neste caso específico, embora a palestrante seja academicamente qualificada para não fazê-lo, provavelmente estejamos diante de um mau uso do termo “profetizar”. Pois, por definição bíblica, a verdadeira profecia se cumpre. Se isso não acontecesse o profeta deveria ser morto. Veja Deuteronômio 18.19-22.
Na segunda declaração a cantora já profetizou que o dono daquela arena é Jesus. De fato: Jesus é o dono daquela arena, como é dono de todas as coisas. Ou seja, ela profetizou que acontecerá algo que já aconteceu.
Se alguém disser que ela se expressou mal, e quis dizer apenas que a arena está sob o domínio do usurpador, a torna culpada de pecado maior (como se pudesse haver pecado maior), pois afirmou ter profetizado juntamente com um apóstolo.
Os verdadeiros Apóstolos tinham autoridade delegada diretamente de Deus para fazer coisas materiais com conseqüências eternas. Lembre-se de: “O que ligares na terra será ligado no céu” (Mt 18.18). Também de: “...Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para serem castigados, a fim de não mais blasfemarem” (1Tm 1.20).
Não se esqueça de que os apóstolos possuíam tal poder: “Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” (At 3.6).
Um Apóstolo estava no primeiro grau de autoridade (1Co 12.28). O que um Apóstolo falava acontecia. Entretanto, que eu saiba, até hoje não houve qualquer modificação na festa de Barretos. Concluo então que além da falsa profetisa apareceu também um falso apóstolo.
Somos constantemente alertados pelas Escrituras contra os falsos apóstolos e profetas, mas parece que eles estão proliferando. Talvez até tenhamos culpa, pois banalizamos o significado das palavras. Especialmente o significado do que é um profeta ou um apóstolo. Usamos com irresponsabilidade essas palavras, seus significados e suas funções. As conseqüências disso não são boas: Um dos verdadeiros profetas, nos advertindo contra a irresponsabilidade, disse: “... semeiam ventos e colherão tempestades” (Os 8.7).
4 comentários:
Pr. Folton,
a que ponto chegamos! Não há limites para as crendices e absurdos sincréticos entre os evangélicos. Ao ponto em que o mundo se confunde com a vida e o "discurso" dos crentes, ao ponto de nem mesmo se saber onde começa um e termina o outro (aos olhares cegos, claro).
E a irracionalidade e o desconhecimento escriturístico é o suporte para a blasfêmia, a heresia, e a proclamação do antievangelho.
Com isso, o engano e a fraude campeiam; restando-nos sair dos nossos "guetos" e proclamar, mas sobretudo viver, o verdadeiro evangelho.
Forte abraço!
Cristo o abençoe!
Rev., infelizmente esse tipo de atitude tem se multiplicado em nosso meio. As pessoas estão usando esses refrões como se apenas dizê-los resolveria todos os problemas, como se fosse um passe de mágica. Isso me faz lembrar as benzedeiras que há poucos dias vimos na tv.
Que Deus tenha misericórdia de nós e nos faça crescer espiritualmente na leitura e interpretação correta de sua palavra.
Abs.
Maurício
Folton,
É bom lembrar também que nisso tudo vemos a advertência de Pedro se cumprindo. Sobre os falsos mestres ele afirmou que fariam "comércio de vós com palavras fictícias" (2Pe 2.1-3).
Depois de toda a papagaiada da "levita" e do apóstolo, já foi lançado o figurino do novo cd, que renderá um bom dinheiro para essa cambada.
Que o Senhor dê discernimento à sua Igreja.
Parabéns pelo post.
Olá Rev. Folton!
Gratificante encontrar seu blog. Parabéns pela proposta e pelo conteúdo nele exposto. Já estou seguindo!
Aproveito para lhe convidar a conhecer meu blog, e se desejar também segui-lo, será uma honra. Seus comentários também serão sempre bem-vindos.
www.hermesfernandes.blogspot.com
Te espero lá!
Postar um comentário