sábado, 25 de maio de 2013

Por uma evangelização consciente

Uma das funções mais deturpadas ao longo da história da Igreja tem sido, sem dúvida, a proclamação do evangelho.

Quando o Senhor ordenou a seus apóstolos que anunciassem as boas-novas, certas características, que estavam presentes neste anúncio não são encontradas mais na evangelização que é feita hoje.

O Senhor mandou como seus enviados, pessoas que anunciassem com sua autoridade. Não quem implorasse ou usasse de expedientes que aviltam seu Nome, degradam sua obra e desdizem sua mensagem.

Hoje, nos incluímos no rol dos que receberam esta sagrada incumbência e fazemos bem, pois ela foi dada a nós também, mas muitos de nós não aceitam as restrições que o teor da mensagem impõe a seus proclamadores. Nosso Senhor mandou que seus enviados anunciassem “boas notícias”. Mas as boas-notícias foram logo desvirtuadas. Transformadas em convite ou em um simples anúncio como outro qualquer.

As vezes são os proclamadores que não possuem entendimento claro do que anunciam e, por isso, anunciam a solução das necessidades humanas (prosperidade, saúde, e outras). As vezes são os ouvintes que, não conhecendo as “más-notícias” (a perdição em que se encontram), não fazem a mínima ideia do valor das “boas-notícias”.

Você está lembrado do que aconteceu a Paulo em Listra? Leia o capítulo 14 de Atos. Aquele povo ficou tão impressionado com o milagre feito por ele que foi necessário repreendê-los e chamar-lhes a atenção para que o verdadeiro Evangelho prevalecesse. O mesmo aconteceu em Atenas (Capítulo 17 de Atos): a pregação de Paulo no Areópago, que foi uma verdadeira agressão aos costumes atenienses, na realidade era uma exposição doutrinária da soberania e dos decretos de Deus para que o evangelho não virasse mais uma das muitas novidades que tinham prazer em examinar.

Após a morte do último apóstolo, a história nos informa que o Evangelho serviu a muitos propósitos. Desde dominação política, a partir da época de Constantino, até instrumento de exploração comercial.

Hoje ele é utilizado de tantas formas que fica difícil de ver o verdadeiro Evangelho. Em um mundo hedonista como o nosso, ele é manobrado para atender a um público cada vez mais ávido por diversão. Em um mundo cada vez mais comercial ele destaca as igrejas locais que possuem uma preocupação organizacional e mercadológica.

Na parábola de Jesus, as aves do céu encontram abrigos nos ramos da hortaliça que representa o Reino de Deus. Hoje o mercado agarra-se aos galhos da Igreja como uma planta parasita que não apenas mina sua força, mas compromete sua própria existência.

Não deixemos de proclamar o Santo Evangelho. Aqui, ali e acolá. Mas não nos deixemos envolver pelos valores do mundo, pois “o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente”. 1Jo 2.17

Publicado oginalmente em 26/9/2005

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