sábado, 14 de setembro de 2013

Imagens de Jesus (2a. Parte)

No artigo anterior mostrei como a IPB, sempre cuidadosa de sua confessionalidade, acabou fazendo o que todas as denominações evangélicas já faziam: Estampar o rosto de Jesus. Hoje quero examinar o pensamento que está por traz disso.

Não tenho a menor dúvida de que nosso Senhor Jesus, mesmo sendo Deus, ao assumir nossa natureza em nada diferia de um homem qualquer. Nem quem convivia com ele via algo diferente: Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (Jo 14.9).

Não tenho também a menor dúvida de que aquele simples homem era o Deus vivo: porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl 2.9); e seu corpo expressava o Pai:  porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl 2.9).

Minha dúvida é se temos autoridade de fazer imagem dele.

O raciocínio de quem acha que pode é o seguinte: Estamos proibidos de fazer imagens de Deus Pai (e de qual quer outra coisa para com fins de adoração), mas Deus Pai se encarnou: adquiriu uma figura humana. “Se estivéssemos na manjedoura certamente tiraríamos uma foto do bebê”.

Esse raciocínio padece em vários pontos: 1) A figura humana de Deus ainda é Deus. Portanto a proibição estende-se também a ela. 2) Se ele continua sendo Deus, fazer uma representação dele só pode ser para adoração, pois para outra coisa cometeríamos um ato de “lesa-divindade”. 3) Não estávamos na manjedoura e naqueles dias não havia máquinas fotográficas.

Sobre esse último ponto há que pensar que a maioria das nações ao redor possuíam alto grau de desenvolvimento nas artes plásticas.

Os Gregos, muito antes de Jesus nascer, esculpiam estátuas de mármore onde se podia ver com detalhes os músculos do corpo, as veias e desenvolveram a técnica de “sugerir” ao espectador a representação dos fios de cabelo e da expressão do olhar (Procure fotos da escultura “Laoconte e seus filhos” e você poderá comprovar minhas afirmações). Entretanto, Deus fez Jesus nascer em um povo, que foi por ele proibido de ter esse tipo de arte figurativa e não em um povo onde ele poderia ser retratado com precisão.

Agrava-se o fato de que não há qualquer descrição de Jesus, durante “os dias de sua carne” nas Escrituras Sagradas. Podemos deduzir que, sendo judeu legítimo ele fosse moreno, e como carpinteiro trouxesse as marcas de sua profissão: mãos ásperas e corpo musculoso. Mas usar textos como de Isaías 53.2, para dizer que seu rosto não tinha os padrões de beleza daqueles dias é meio forçado. Como também deduzir de 7.34 que ele estava acima de seu peso. 

Porém, há uma descrição nos versículos iniciais do Apocalipse, que devem causar muito mais meditação por parte de quem a lê do que apreciação estética. Mas lá está descrito Jesus glorificado e muito do que lá aparece é simbólico como a espada de dois gumes que sai de sua boca. Obviamente isso é uma metáfora do poder de sua palavra.

Finalmente, será que nossas crianças ganham algo de concreto ao ver figuras de Jesus retratado com os mais diversos rostos? Será que elas não estão sendo preparadas, ainda que involuntariamente, para ver Jesus no primeiro falso Cristo que se apresentar, como estamos advertidos que acontecerá?

Que tipo de fé é esta que está sendo cultivada sobre matéria? Pior: Matéria ilusória?

Nossos filhos, hoje, possuem uma apreciação maior pela obra terrível desempenhada por Jesus ou possuem apenas mais liberdade ao ponto de trata-lo como “o cara”?

Vamos pensar atentamente nesse assunto, pois a modernidade aplicada a ele não trouxe resultados bons e nos levou a quebra sistemática do Segundo Mandamento.

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