sábado, 1 de novembro de 2014

Davi e os Salmos

No fim de sua adolescência, Davi recebeu de seu pai, a incumbência de levar alimento para seus irmãos que estavam no campo de batalha. O capítulo 17 do primeiro livro de Samuel nos conta que os dois exércitos estavam acampados em lados opostos de um vale, no qual o maior guerreiro dos filisteus, com quase 3 metros de altura, se apresentava diariamente e insultava o exército de Israel desafiando a que alguém o enfrentasse. O soldado mais alto de Israel era exatamente o rei Saul, que, como seus soldados, estava amedrontado.

Indignado com o medo de seu exército e com os insultos do guerreiro filisteu, Davi aceitou seu desafio. Era uma verdadeira temeridade: ele ainda era “um menino ruivo com bochechas rosadas”. 
Tomou 5 pedras no riacho e encarou o filisteu que irado perguntava: “sou acaso algum cão?”. Davi o venceu com uma pedrada na testa.

Após sua impressionante vitória, Davi passou a morar no palácio de Saul e tornou-se seu principal comandante. Foi aclamado e cantado como herói e destacou-se tanto que Saul passou a nutrir-lhe ciúmes e diversas vezes tentou matá-lo.

A vida de pastor ficou para trás. As guerras tornaram-se sua principal obrigação. Entre essa infância quase idílica, em que os maiores perigos eram os animais do campo, e uma juventude de dificuldades e guerras, Davi encontrava alento na música. Setenta e três, dos cento e cinquenta Salmos, foram compostos por ele. E, tenho por certo, que a maioria dos que ele compôs, compôs em sua velhice.

Veja, por exemplo, o Salmo 23. Exala saudades. É como se Davi, já velho, vendo o que Deus lhe permitiu fazer à Israel, seu segundo rebanho, relembrasse os cuidados que ele tinha com o rebanho de ovelhas de sua adolescência: Como nada faltava a meu rebanho, assim as ovelhas do SENHOR de nada têm falta. Como protegi meu rebanho assim Deus nos protege. Levei minhas ovelhas às boas águas e aos bons pastos, assim o SENHOR também faz. As veredas pelas quais conduzi minhas ovelhas foram apenas um vislumbre das “veredas da justiça” pela qual ele nos conduz. E como eu as protegi, mesmo nos locais em que a morte fazia sombra, ele nos protegeu também nos momentos mais perigosos.

E assim, Davi, pastor de dois rebanhos, relembrava-se e fazia de suas lembranças canções de louvor ao SENHOR.

No Salmo 139, além de seus dotes artísticos, aparece também sua teologia. Observe que é uma teologia profundamente arraigada em sua experiência com Deus. Ele começa falando do conhecimento de Deus e o expressa com os verbos sondar, saber, penetrar, esquadrinhar e cercar. Aquilo que ninguém conhece (a palavra não falada), é inteiramente conhecida por Deus. E, como conclusão, ele exclama: ”Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim: é sobremodo elevado, não o posso atingir”.

Seu segundo assunto é a onipresença de Deus e ele a expõe argumentando hipoteticamente sobre a impossibilidade de esconder-se de Deus: “Para onde me ausentarei de teu Espírito? Para onde fugirei de tua face?”. E a seguir propõe dois contrastes: O primeiro entre o mais alto e o mais baixo e o segundo entre o que está mais a leste e o que está mais a oeste.

Deus é Senhor do mais alto, dos céus (ou da vida), do mesmo modo que é Senhor do mais baixo, do profundo abismo (ou da morte). Igualmente é Senhor de qualquer lugar que possamos ir desde o nascente (alvorada) ao por do sol (noite).

Ele continua olhando a si próprio no terceiro assunto: a onipotência de Deus. Deus, literalmente, tomou posse de seus rins (lembre-se de que nesta época os rins eram vistos como hoje vemos o coração: órgão vital) e o teceu no ventre de sua mãe. Sendo que nesse local secreto, os ossos que ainda permanecem em segredo para todos nós, estavam claros e acessíveis a Deus. Antes de seu corpo ter um formato definido, Deus já havia formatado todos os seus dias, pensando muitíssimas vezes o que há de mais precioso a seu respeito.

Pois bem: como é que um Deus tão impressionante como este pode ser desdenhado? Como pode haver que seja seu inimigo? O que é que ele deve fazer a respeito de quem, dentro do povo de Deus, o aborrece?

Lembre-se que Davi era o representante máximo de Deus sobre Israel.

O ódio que Davi tinha desses ímpios era tão grande que ele teme pecar. Então ora: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno”.   

Um comentário:

Marcelo disse...

Pastor Folton, a graça e a paz.

Como faço para pegar o Relógio Mundial que está no rodapé do seu blog?

Eu gostaria muito de tê-lo no meu próprio blog.

Marcelo Henrique
João Pessoa-PB