sábado, 11 de março de 2006

"Nos dias de sua carne" 2

Nos dias de sua carne o Senhor teve berço debaixo das condições mais humildes que um israelita podia imaginar. Mas isso foi nada perto da morte ignóbil que homem algum podia inventar: a cruz! Desprezo dos homens e maldição de Deus.

Nos dia de sua carne conviveu com todos os tipos de pessoas. Ainda menino viu o pouco que os mestres de Israel sabiam da Lei de seu Pai e mais tarde admirou-se que um deles não soubesse sequer o que era nascer de novo.

Nos dias de sua carne sentou-se à mesa com publicanos – aqueles que cobravam impostos de seus patrícios em favor dos romanos invasores do país - pecadores e pecadoras. Quando questionado respondeu com simplicidade que tinha vindo para doentes e não para os sadios.

Nos dias de sua carne teve poucos contatos com poderosos e ricos. Ainda bebê, recebeu presentes de uns que vieram de longe, mas seus pais tiveram de buscar segurança no exílio devido a outro que estava por perto.

Uma vez um deles tentou desacreditá-lo: convidou-o para comer em sua casa, mas negou-lhe as mais corriqueiras normas de hospitalidade.

Outros são mencionados como seus juizes. Condenaram-no. Apenas um levantou-se a seu favor: deu-lhe sepultura.

Nos dias de sua carne encontrou ingratos, mentirosos, ladrões, falsos amigos, prostitutas e hipócritas. Enfim: todo o catálogo de praticantes do que Deus proíbe e de não praticantes do que ele manda.

Chamou a atenção dos ingratos. Repreendeu os mentirosos. Condenou os ladrões. Tratou bem os falsos amigos. Exortou as prostitutas e verberou com ira contra os hipócritas. Orou por todos e a todos perdoou.

Nos dias de sua carne sofreu com a incredulidade. Sofreu com a zombaria. Com a difamação: ressentiu-se de ser chamado glutão e bebedor de vinho.

Sofreu também com o pouco caso com que tratavam seu Pai Celeste. Sofreu com a falta fé de quem o rodeava. E aprendeu.

Aprendeu a sofrer. Aprendeu a obedecer. Aprendeu também, na prática, o que era a natureza humana decaída: pouco diferente da natureza do próprio diabo.

Mesmo sofrendo, quando encontrava outro sofredor, tomava sobre si os sofrimentos dele: compadecia-se. Quando encontrava um desesperado dava-lhe esperanças. Não a esperança desvanecente de quem deseja, mas a esperança firme e ancorada nas promessas de que apenas aguarda.

“Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte e tendo sido ouvido por causa da sua piedade, embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna” (Hb 5.7-9).

Agora, nos dias de sua glória, reina e conduz sua Igreja pelo vale da sombra da morte. Exaltado com um nome que está acima de qualquer outro, que à simples pronuncia dele, todos os joelhos se dobrarão.

Agora, nos dias de sua glória, intercede. Não por todos, mas por aqueles por quem morreu.

Apresenta ao Pai o verdadeiro culto, que eles são incapazes de prestar, e, às vezes, nem se preocupam fazê-lo: o sacrifício vivo e santo, o Sacrifício de Louvor que é fruto de lábios que confessam o seu Nome: aquilo que lhe é agradável: com reverência e santo temor.

Foram-se os dias de sua carne. Hoje vivemos dias, que, ligados à eternidade, onde ele está, refletem os dias de sua glória.

Hoje vivemos dias provisórios. Dias em que o mundo acumula para si a ira de Deus. Dias em que “quem é sujo suja-se mais”. Dias de expectação. Porém, dias de esperança, dias de ânsia pela glória que há de ser revelada.

Maranatha! Vem Senhor Jesus.

2 comentários:

Oliveira disse...

Lindo demais.

Pensando nas mesmas coisas, sem ter lido seu texto, escrevi uma reflexão "plagiada".

Sim ora vem Senhor Jesus.

Vou lhe mandar o meu texto por e-mail agora mesmo. Veja que coincidência de temas e abordagens...

folton disse...

"Soli Deo Gloria"