sábado, 27 de outubro de 2007

A Reforma Protestante e o movimento missionário

O primeiro modelo de evangelização praticado pela Igreja apareceu depois do pentecostes, quando muitos daqueles sobre os quais o Espírito Santo havia sido derramado, voltaram para suas cidades de origem e organizaram igrejas locais: Roma, Antioquia, etc.

Um segundo modelo foi implantado através de viagens com o fim específico de anunciar o Evangelho. Paulo e Barnabé foram seus pioneiros.

A Igreja precisou esconder-se de perseguições, mas três séculos depois, Constantino, percebeu o grande número de cristãos em seu império e aderiu ao cristianismo. Isso levou ao processo de torná-la igreja oficial e favoreceu um terceiro meio: a guerra.

Em nome de se pregar o Evangelho ou cristianizar um povo, se fazia guerra e obrigava o rei deles a tornar-se cristão. Então todos os seus súditos eram obrigados ao batismo.

Não se sabe quando o estado fazia guerra para que a religião fosse disseminada ou quando a religião fornecia o propósito, e os guerreiros, para que o estado, guerreando, crescesse mais ainda pela anexação de territórios.

E assim continuou pelos tempos. Assim chegaram às Américas. Assim dizimaram povos e levaram enormes riquezas a seus países de origem. A religião justificava saques, mortes e a escravidão.

Padre Vieira dizia ser preferível ao africano ser escravo no Brasil, onde podia conhecer o evangelho, do que ficar na África onde fatalmente morreria pagão.

É claro que sempre houve também a presença de missionários abnegados, que, muitas vezes por conta própria, dirigiam-se a outros povos com o fim de anunciarem as boas novas de salvação.

Porem, poucos foram os casos em que tais missionários não acabaram logo trocados ou “auxiliados” por tropas militares.

Enquanto as Américas eram descobertas, a Reforma Protestante grassava a Europa. Com a Reforma vinha a idéia da conversão individual, e, apesar de Países serem declarados de “Fé Reformada”, tal só acontecia mediante a adesão de seu rei ou de seus governantes, muitas vezes para fugir a tirania de Roma.

Com a reforma também voltou-se a pratica do missionar com o único interesse de se divulgar o evangelho. A idéia missionária foi tão forte que a Igreja de Genebra chegou a sustentar 280 deles. Não só na Europa. Quatorze chegaram ao Brasil.

Não sou ingênuo ao ponto de dizer que a partir da Reforma Protestante o ato de missionar tornou-se impoluto. Não. De forma alguma. Muitos problemas acompanharam e ainda acompanham os missionários e as missões, e são transportados ao povo alvo daquela missão junto com a santa mensagem de Salvação que o Senhor nos mandou levar ao mundo inteiro.

O que estou tentando mostrar é que o mal de um missionar feito a partir de uma igreja imperial tornou-se, pelo menos, mais simples. Os missionários perderam a obrigação de levar também os interesses do grupo que os enviava.

Não há dúvida que o anúncio do Evangelho pressupõe um mínimo de anúncio de valores típicos da cultura na qual ele manifestou-se e da integridade da cosmovisão bíblica do que é o homem e de quem é Deus. Porém, não pode ser acompanhado de segundas intenções de dominação daquele território ou das riquezas contidas nele.

Porém, graças Deus, hoje após a Reforma Protestante a luta do missionar é levar o Evangelho, simples como ele é e como deve ser anunciado, ao homem como um todo. Os missionários após exaustivo treinamento teológico, cultural, lingüístico, sociológico – e do que necessário – visando a conseguirem distinguir cada vez mais os conteúdos humanos e divinos da santa mensagem.

As agências e organizações missionárias pesquisam e buscam informações sobre os povos e etnias, suas línguas e costumes a fim de atingir do melhor modo possível os que ainda não possuem a Bíblia em seu idioma.

A Reforma Protestante fez ressurgir o espírito missionário dos primórdios da Igreja.
Nós, como igreja local, devemos nos imbuir desse espírito e buscar do Senhor seu plano de ação missionária para a nossa igreja.

Oremos, pedindo-lhe instrução, capacitação e direção e, se necessário, correção.

Rev. Fôlton Nogueira
Rev. Marcos Agripino

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