Em um período de mais ou menos um ano fomos estarrecidos pela notícia de duas mães que jogaram seus filhos na água. Uma em uma lagoa e outra em um verdadeiro esgoto.
Eventualmente poderíamos compará-las a Joquebede que, às águas confiou seu pequeno Moisés. Mas teríamos dificuldade em manter a comparação, pois esta além de colocá-lo em um pequeno cesto que flutuava, confiou na vigilância atenta de sua filha Miriam visando a salvação do pequeno. Mas aquelas além de colocá-los em sacos de lixo esperavam ficar livres de um incômodo.
Talvez, como a aversão que Amnon sentiu por Tamar (maior do que o desejo que o levou a forçá-la), a aversão que elas sentiram pelo fruto de seus ventres passou a ser maior do que o desejo que as levara a concebê-lo.
Doença, dizem alguns. Talvez. Porém podemos dizer com certeza? Quantas doentes sentiram vontade de matar o filho que deram à luz e não o fizeram?
Há alguns anos uma jovem mãe insistiu que eu orasse com ela: “Estou endemoninhada pastor”. Insistia mais. “Não tenho paciência com minha filha, e, de vez enquanto, me pego pensando em como matar meu bebê”. E concluiu: “Tem de ser demônio”.
De nada adiantaram minhas tentativas de explicar o que era depressão pós-parto e quais seus efeitos. Ela insistia em dizer-se endemoninhada. Chegou a contar a todos da Igreja os terríveis sentimentos que escondia desde o primeiro parto, só para avisá-los que eu tinha recusado “exorcizá-la”.
A loucura dessas duas, que jogaram seus filhos no lixo, não é característica exclusiva de nossos dias. Sabemos disso pela própria Bíblia. Você está lembrado do que aconteceu quando a Síria cercou a Samaria? Releia:
Algum tempo depois, Ben-Hadade, rei da Síria, mobilizou todo o seu exército e cercou Samaria. O cerco durou tanto e causou tamanha fome que uma cabeça de jumento chegou a valer oitenta peças de prata, e uma caneca de esterco de pomba, cinco peças de prata.
Um dia, quando o rei de Israel inspecionava os muros da cidade, uma mulher gritou para ele: “Socorro, majestade!” O rei respondeu: “Se o SENHOR não a socorrer, como poderei ajudá-la?
Acaso há trigo na eira ou vinho no tanque de prensar uvas?” Contudo ele perguntou: “Qual é o problema?”
Ela respondeu: “Esta mulher me disse: ‘Vamos comer o seu filho hoje, e amanhã comeremos o meu’. Então cozinhamos o meu filho e o comemos. No dia seguinte eu disse a ela que era a vez de comermos o seu filho, mas ela o havia escondido”. Quando o rei ouviu as palavras da mulher, rasgou as próprias vestes. 2Re 6.24-30
Entretanto, esse tipo de coisa é tão desnatural que o SENHOR através do profeta Isaías pergunta: “Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta? Pode uma mulher não ter ternura pelo fruto de suas entranhas? Mesmo que ela o esquecesse, eu não te esqueceria jamais” Is 49.15.
Deus não se esquece de nós!
Mas repare bem: Se nos indignamos com o que aconteceu não é o caso de nos indignarmos também contra quem faz a mesma coisa a filhos mais novos? Qual é a diferença entre matá-los depois que saem do útero e de matá-los dentro dele? Não estão igualmente vivos? Não terão por destino as águas poluídas de algum esgoto?
Pensando um pouco mais: Quem comete maior pecado? Quem, abortando, priva seu filho do “nascimento”? Quem provoca um parto e depois joga seu filho nas águas sujas de um esgoto?
Ou, ainda, quem, depois de um parto abençoado por Deus, e acompanhado com alegria pela família, expõe seu filho a um ambiente cuja poluição não é para se comparar à poluição das águas do mais pútrido esgoto, já que infecta não apenas o corpo mas o espírito da criança?
Por colostro essas crianças tiveram as águas imundas dos esgotos. Quantas por “colostro espiritual” recebem as influências mais infames do pecado?
“... se meu pai e minha mãe me desampararem, o SENHOR me acolherá” (Sl 27.10). O SENHOR não se esquece de nós!
Afinal, além de nos ter feito, nos chamou à luz com dores superiores às de uma mãe. Nosso nascimento custou-lhe a separação de seu amado Filho. Nossa vida custou-lhe amaldiçoar aquele a quem eternamente gerou.
Mesmo que vivamos em uma época em que se torne comum as mães jogarem seus filhos no lixo, o SENHOR jamais nos abandonará.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Pode um Cristão ser “Esquerdista”?
1º - Se for presbiteriano (membro da Igreja Presbiteriana do Brasil) não pode, pois o Concílio Maior desta denominação já condenou diversas...
-
Na estrada sinuosa e íngreme, que liga Jerusalém a Jericó, diversas pessoas devem ter sido assaltadas com prejuízo até de suas próprias vida...
-
Este nome de som curioso nos chegou através de sua forma grega Zebedaiou , mas era largamente usado na forma hebraica Zebadias , na qual há ...
-
O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz. Isaías 9.2 Nã...
Nenhum comentário:
Postar um comentário