Quando, como cidadãos, votamos em alguém para o exercício de algum cargo público, esperamos que ele se comporte, decida ou legisle de acordo com nosso ponto de vista. Afinal de contas ele é nosso representante.
Tal acontece porque vivemos, como cidadãos, em um país onde prevalece o texto constitucional: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ...”. Por definição o estado brasileiro deve ser um “espelho” da sociedade brasileira.
Os pré-requisitos para que alguém seja eleito no Brasil, são os mínimos: nacionalidade, alfabetização mínima, regularidade eleitoral, filiação partidária, e idades mínimas (35 anos para Presidente e Senador, 30 para Governador, 21 para Deputado, Prefeito e Juiz de Paz, e 18 para vereador).
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Quando, como ovelhas do rebanho de Deus, votamos em alguém, devemos esperar que ele se comporte, decida ou legisle, de acordo com o ponto de vista de Deus. Afinal de contas ele é, “lato sensu”, representante de Deus.
Tal acontece porque, vivemos, como ovelhas do Senhor, em um rebanho comprado por seu sangue. Por definição a Igreja deve ser espelho da vontade de Deus.
A priori, há tantos pré-requisitos para alguém ser eleito à algum ofício na Igreja, que é praticamente impossível encontrar alguém que atenda plenamente a todas as exigências. Curiosamente, todas essas exigências dizem respeito a sua vida familiar (mais tarde escreverei sobre esse assunto).
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Dessas observações conclui-se que:
1. O voto civil é totalmente diferente do voto na Igreja. Enquanto o voto civil expressa nosso gosto, nossa vontade, nossa ideologia, o voto na Igreja deve expressar as determinações do Senhor da Igreja.
2. O eleito para algum cargo público está preso a vontade de seus eleitores ao passo que o eleito para um ofício na Igreja está preso às ordens do Senhor da Igreja (muitas vezes contra seus eleitores).
3. Os eleitos na vida civil são representantes do povo para fazer o que lhes foi delegado pelo voto popular. Os eleitos na Igreja são representantes do povo diante de Deus. Ou seja: são, os que mais se aproximam - dentre os que se congregam naquele rebanho local – do padrão estabelecido por Deus.
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A pergunta obvia é: por que razão Deus delega as ovelhas de seu rebanho a tarefa de escolherem alguém que cumpra a vontade dele e não, necessariamente, a vontade delas?
A resposta é dupla:
1) Devido a docilidade do rebanho e sua natureza fácil de ser manipulada (como vemos ser manipulada por auto-intitulados bispos, apóstolos, profetas e que tais), Deus não permite a Igreja outro meio de escolha de seus oficiais regulares, que não o voto.
2) Para que o Rebanho seja responsabilizado, diante de Deus, por um eventual descaminho - mesmo que tenha sido seduzido por líderes maus - por não ter obedecido os critérios divinos para escolha.
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Ao votar, portanto, a ovelha está dizendo: reconheço que fulano é o que mais se aproxima do que Deus determina como padrão para tal ofício.
Tenho certeza de que aqui está a maior razão da falta de identidade das Igrejas de nossos dias: o oficial porta-se como um político pressuroso em atender as exigências de seus eleitores e não como um servo de Deus em que a maioria das ovelhas viu e atestou a existência do chamado divino para o exercício do ofício que lhe foi confiado.
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4 comentários:
Caro Reverendo
Qual a referência bíblica que sustenta a afirmação para o texto abaixo "... Deus não permite a Igreja outro meio de escolha de seus oficiais regulares, que não o voto..."?
No seu aguardo, se possível
Um grande abraço
Caro Oliveira;
Desculpe-me a demora em te responder, mas com uma semana tão curta como esta tive de esperar o feriado.
1. Como subscrevente da CFW creio e jurei cumprir o seguinte: "Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a glória dele e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela"
2. Portanto a dedução lógica é um modo aceitável de interpretação das Escrituras. Veja, como exemplo, a doutrina da Trindade. Não há sequer um texto em que esta palavra apareça, porém esta doutrina está patente ao longo das Escrituras.
3. Quando a Igreja de Jerusalém escolheu os 7 homens (em quem costumamos ver os primeiros diáconos), apesar da palavra grega não indicar um processo que modernamente chamaríamos de eletivo, necessitamos admitir que (para que uma comunidade 5000 pessoas escolha 7) tenha havido algum tipo de votação.
4. Quando Paulo promoveu a eleição de Presbíteros nas regiões de Icônio, Derbe e Listra a palavra usada para tanto é 'queirotoneo' cuja raiz (queiro) diz respeito a dedo ou mão. Deduzo que houve uma votação (por mão levantada?) e Paulo após ordenou aqueles que foram escolhidos pelas respectivas comunidades.
5. Quando Paulo lembra a Timóteo do dom que ele recebera pela imposição das mãos do presbitério, pressupõe que um grupo de presbíteros o tenha ordenado. E quando o determina que não imponha as mãos precipitadamente pressupõe um processo de exame daquele que será ordenado.
6. A Constituição da Igreja Presbiteriana segue essas práticas: Primeiro por algum processo de escolha (dos oficiais da Igreja local eleitos pela sua assembléia e dos oficiais docentes pelos membros de um presbitério) e depois disso a ordenação.
Talvez o que tenha soado estranho para você foi o fato de que eu escrevi dentro de um contexto local (a igreja que pastoreio) em contraste com a prática que cada vez mais se generaliza de alguém tomar outro como discípulo e ordená-lo ou, pior, autoproclamar-se pastor, bispo, apóstolo, paipostolo ... etc.
ab
Fôlton
Caro Reverendo
Obrigado.
Uma boa explicação.
Fico pensando... porque não se adota o processo em Atos...
1. Primeiro se elenca nomes...
2. Depois ora-se...
3. Depois tira-se a sorte...
Um abraço e obrigado
Graça e paz, folton, eu sou o presbitero Ricardo de Tumiritinga, gostaria que vc me mandasse o site do seminario pela internet, meu e-mail e ricsouza2003@yahoo.com.br
foi muito bom ler seu blog, fica com Deus.
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