Eu não saberia dizer se ele era baixinho ou tinha poucos recursos, mas era conhecido como “Dionísio, o exíguo” (ou simplesmente Dionísio exíguo). Era monge. Nascera na Romênia em 470, mas vivia em Roma desde 500 d.C. Era considerado como o mais sábio a serviço da Cúria Vaticana.
Traduziu, do grego para o latim, os diversos Decretos dos Concílios de Nicéia, de Constantinopla e de Calcedônia além de muitas outras obras, e conhecia bem as matemáticas e de astronomia.
Seu ofício o levava a escrever muitas correspondências as quais tinha de datar, como era costume - porém, cada vez mais a contra gosto - em função do ano em que o Imperador Romano Diocleciano tinha assumido o trono.
Um dia ele escreveu a um bispo: “Prefiro contar e indicar os anos a partir da encarnação de nosso Senhor, de forma a fazer a fundação de nossa esperança melhor conhecida e a causa da redenção do homem mais destacada”.
Como ele chegou à data em que Cristo nasceu não se sabe, mas errou. Errou por 4 ou 7 anos. Mateus afirma que Jesus nasceu nos dias de Herodes, e Herodes morreu no que seria o ano 4 do calendário de Dionísio, e, quando Lucas refere-se ao “primeiro recenseamento, ... feito quando Quirino era governador da Síria”, fornece-nos um período que se estende do ano 4 até o ano 7 do mesmo calendário.
Até hoje há discussões. A maioria dos estudiosos concorda que Jesus nasceu no período que vai do ano 4 ao ano 5 do calendário de Dionísio. Isso significa para nós que não estamos 2.008 anos distantes do nascimento do Senhor Jesus, mas 2012 (ou talvez 2015).
Mas o que importa mesmo foi que sua prática legou-nos o hábito de ver a história dividida em “Antes de Cristo e Depois de Cristo” inaugurando o que chamamos de “Era Cristã” e cada vez mais se chama de “Era Comum”.
A idéia de que Jesus dividiu a história humana é muito simpática aos cristãos, e faz todo sentido com sua cosmovisão, pois tudo que foi registrado nas Sagradas Escrituras antes da vinda de Cristo aponta para um Messias que havia de vir.
Pessoas como Isaque, José, Moisés e todos aqueles que estão listados no capítulo 11 da carta aos Hebreus, possuíam sempre, pelo menos, dois traços comuns: a esperança de um Messias e a certeza de que seus feitos eram apenas “sombra” de feitos maiores.
A esperança perpassou a Antiga Aliança: Aos patriarcas materializava-se em uma descendência numerosa. Aos peregrinos do êxodo no estabelecimento de uma nação. Aos súditos do reino de Israel na vinda do reino eterno.
A esperança materializou-se em Jesus. O Reino chegou. Chegou para todos os povos. Não é mais a história da esperança é a história do cumprimento das promessas e das profecias.
Por isso se exorta tanto a “cantar um cântico novo”. O velho, com seus verbos no tempo futuro ou no modo subjetivo, canta a esperança. O novo canta o que aconteceu e o que está acontecendo. Vivemos uma nova história.
Na realidade já vivemos a eternidade. Ainda estamos em sua ante-sala, mas o primeiro de nossa raça já entrou lá e nos aguarda. E quando chegarmos lá olharemos para trás e perceberemos que sempre estivemos naquele bendito lugar.
Dionísio errou a data, mas acertou no "discernimento dos tempos".
2 comentários:
O problema maior de estarmos na anti sala da eternidade é sabermos por quanto tempo teremos que esperar, pois seria bom que o tempo fosse abreviado e assim deixaríamos de nos preocuparmos (ou pré - ocuparmos seria mais adequado)com tanta coisa superficial e que nao nos leva a lugar algum - corremos atras do vento.
Pois é Roberto. Cabe-nos aproveitar bem o tempo que passamos na ante-sala, pois lá é que nos preparamos.
ab
Fôlton
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