segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Chuvas

Chuvas

Os Reformadores sempre recomendaram orações em favor de clima propício e estações bem definidas. Isso reflete o ensino bíblico geral de que tal equilíbrio é uma das bênçãos de Deus.

Você se lembra da promessa feita a Noé? “Enquanto durar a terra, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite” (Gn 8.22).

E da resposta a oração de Salomão? “Se eu cerrar os céus de modo que não haja chuva, ... se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra” (2Cr 7.13e14).

Considere ainda a declaração do salmista: “O SENHOR preside aos dilúvios; como rei, o SENHOR presidirá para sempre” (Sl 29.10).

Pois bem: nesta semana muitos respiraram aliviados após uma autoridade garantir que não havia mais perigo de racionamento de eletricidade: “as represas atingiram o volume de segurança”.

Embora seu serviço é afeito ao uso de eletricidade, que foi seu destaque, esse caso banal nos mostra como e verdadeira a afirmação de que cidade “esconde Deus”. Explico melhor:

O agricultor vê a falta de chuvas como uma tragédia. Mas quem mora na cidade, a princípio, desfruta algumas vantagens, e, só depois de certo tempo, sente desconforto da seca. Como a matriz energética de nosso país é baseada na hidroeletricidade, o primeiro impacto chega por aí.

O que seria de uma cidade sem iluminação pública? Hospitais, sem eletricidade? Órgãos públicos, sem comunicações?

Resumindo: o homem do campo, tão logo fique sem chuvas, lembra-se de Deus. O homem da cidade demora mais a perceber sua falta.

Foi mais ou menos o que aconteceu com aquele homem rico da parábola do Senhor Jesus, que após grande produção, precisou construir celeiros maiores. E, devido a falsa ilusão de segurança, tranqüilizou sua alma dizendo: “tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te” (Lc 12.19).

Assim, quem vive na cidade, precisa estar mais atento às bênçãos de Deus, pois o leite não é fabricado em caixinhas, nem o feijão em sacos.

Provavelmente você não tenha uma horta no quintal, onde cultive seu alimento, mas, entre você e o alimento, há necessidade de boas chuvas, tanto para encontrá-lo nas mercearias, quanto para que você receba seu salário - que, de uma forma ou de outra, depende das chuvas - e tenha capacidade de adquirir o alimento adequado a sua família.

Hoje, quando oramos pedindo a Deus um emprego, ou um salário melhor, estamos fazendo a mesma coisa que nossos antepassados faziam pedindo chuvas e estações propícias.

Hoje, quando separamos as primícias do nosso salário estamos fazendo a mesma coisa que nossos antepassados faziam ao levar à casa de Deus os primeiros frutos da colheita de seus campos.

É mais fácil ver a bênçãos de Deus no trabalho da terra do que em uma mesa de escritório. Mas, tenha certeza: elas estão lá também. E, por mais “artificial” que seja uma vida, mesmo em coma e mantida por aparelhos eletroeletrônicos, ela depende tanto de Deus, quanto quem vive no meio do mato.

“Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Rm 11.36).

2 comentários:

Anônimo disse...

Pastor.

Eu nunca havia pensado nisso. A "cidade esconde Deus". Muito interesante.

Há muitas outras coisas, caso pensemos nesse assunto, que nos afastam e nos ocultam tantas coisas boas que Deus faz diariamente por nós.

folton disse...

Querido Roberto (Saudades);

Desde St. Agostinho opôs a Cidade de Deus (nome de um de seus mais famosos livros à cidade do homem) isso ficou claro.

Todos os esforços da humanidade decaída para bastarem-se a si próprios (independendo de Deus) resultaram na "urbanização" ou, pelo menos, no ajuntamento.

Ab
Fôlton