Há muitos anos atrás, quando dava forma de povo aos descendentes de Abraão, o SENHOR apareceu a Moisés. Apareceu em uma sarça, que, incendiada, não se consumia.
Dali soubemos que Ele É o que É. E esse fogo que manifestou-se a Moisés na sarça ardente, acompanhou o povo de Deus. Aliás, acompanha até hoje.
Algum tempo depois - já livres do Egito - voltaram ao mesmo lugar em que Moisés vira a sarça, e acamparam-se ao redor do monte.
Enquanto Moisés recebia a Lei, mais do que a sarça, o monte todo ardia. Ardia de tal modo que mesmo após milhares de anos foi descrito com estas palavras: “não tendes chegado ao fogo palpável e ardente, e à escuridão, e às trevas, e à tempestade, e ao clangor da trombeta, e ao som de palavras tais, que quantos o ouviram suplicaram que não se lhes falasse mais, pois já não suportavam o que lhes era ordenado: Até um animal, se tocar o monte, será apedrejado. Na verdade, de tal modo era horrível o espetáculo, que Moisés disse: Sinto-me aterrado e trêmulo!” (Hb 12.18-21).
Ordenados, edificaram um tabernáculo consagrado exclusivamente ao culto divino e o fogo manifestou-se novamente. Incendiou o altar. Consumiu as ofertas que lá haviam sido postas. E, sobre o próprio tabernáculo, ateou-se ao céu santo e terrível.
Durante os quarenta anos seguintes esta chama sagrada acompanhou o povo deixando bem claro que, como a sarça, apesar de sempre arderem na presença de Deus, eles nunca se consumiriam.
Protegeu-lhes indicando o caminho, a hora de andar e a hora de parar. Santificou-lhes consumindo o que lhes sujava e livrando-os de quem se atrevia apresentar outro tipo de fogo.
Séculos mais tarde, na terra prometida, o tabernáculo móvel foi substituído pelo edifício do templo e o fogo manifestou-se novamente. Como fizera antes, consumiu a enorme quantidade de ofertas e encheu da presença inefável o lugar santo.
Mas o tempo que apaga as lembranças, também leva as novas gerações a não considerarem o que aconteceu às gerações passadas. E, sem significado, o templo foi reduzido a escombros.
Os anos se passaram e sob o patrocínio de um rei estranho, reedificou-se o templo e voltou-se à liturgia dos antepassados. Mas não se fala nada sobre a chama sagrada. Ela se fora.
Estranhos continuaram embelezando aquele lugar sem chama. E no ápice de sua beleza serviu de foro para o hediondo julgamento do Senhor. Continuou belo, mas já não servia de habitação ao Senhor. Sequer simbolizava sua presença. Ele mesmo desnudara-lhe a futilidade rasgando a cortina que velava a santidade do local onde a chama deveria residir.
Mas um dia, enquanto a festa mais rica acontecia nas dependências do templo, a mesma chama - a da sarça, do Sinai, do tabernáculo e do primeiro templo - incendiava a cabeça de cada um dos novos descendentes de Abraão.
Bendita chama daquele que É o que É, e fez-se Deus conosco. Bendita e terrível chama que identifica agora novas sarças, novos tabernáculos, novos templos: Templos vivos nos quais ele habita. Inaudita glória. Tremenda responsabilidade.
Oportuna ocasião para pensarmos no real sentido do Pentecostes e deixar de lado essas infantilidades modernas que só trazem vergonha sobre o Nome Sagrado.
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