segunda-feira, 6 de abril de 2009

A estrada e o templo de Jerusalém

As diversas estradas que davam em Jerusalém se encontravam em determinado ponto depois do qual se avistava a cidade do outro lado do vale.

Desse lugar, ao vê-la, o Senhor lamentou seus erros e seu destino: Era a Jerusalém que apedrejava os profetas e que perseguiam os que Deus lhe enviara.

Por essa mesma estrada, trilhada diariamente por anônimos, no tempo dos reis, os exércitos de Israel, montados ou não, voltavam para casa depois da guerra. E por essa mesma estrada exércitos estrangeiros, invadiram Jerusalém e puseram contra ela tranqueiras e emboscadas.

Cheia de peregrinos, às vésperas de cada festa religiosa, essa estrada testemunhou a aflição com que a mãe do Senhor procurava entre seus parentes e outros peregrinos, seu filho de doze anos que permanecera no templo na primeira discussão que tivera com sábios de lá.

Bendita estrada em que a simples alegria de ser convidado à casa do Senhor transbordava em cânticos de louvor e a certeza de que nosso socorro vem do senhor que fez o céu a terra.

Agora ela testemunha uma multidão – segundo João, a mesma que testemunhara a ressurreição de Lázaro – recebendo Jesus, montado sobre um animal de carga.

Embora não usasse montarias esplêndidas, como os reis que retornavam triunfantes da batalha, o Senhor foi recebido com a mesma frase que eles eram recebidos: Bendito o que vem em nome do Senhor!

Mas Jesus não está vindo a Jerusalém para ressuscitar outros lázaros, ou para inaugurar uma nova ordem política, muito menos para revoltar a grande quantidade de peregrinos contra os invasores romanos. Seu primeiro ato foi investigar o local de culto. O local onde ele, a verdadeira vítima, seria oferecida no verdadeiro culto do qual todos os demais foram antítipos sombrios.

E, ao examinar este local consagrado a Deus, o amigo de publicanos e pecadores, tornou-se inimigo feroz dos que tiravam proveito daquele santo lugar e o transformaram em “covil de salteadores”.

Essa inimizade foi acirrada à medida que a semana passou e a conspiração que já havia começado há tempos atrás ganhou consistência. Materializou-se na cruz.

E irônico observar como ir à Casa de Deus, fazer a vontade de Deus, trouxe conseqüências terríveis. Porém, é mais assustador, quando observamos que isto se repete hoje, pois, como naqueles dias, a Casa de Deus é cada vez mais usada para propósitos particulares.

Disse o salmista: “Vi os infiéis e senti desgosto, porque não guardam a tua palavra” (Sl 119.158). Não é isso que sentimos, depois de trilhar a longa estrada que nos leva a Casa de Deus, e encontramos nela qualquer coisa menos a Palavra de Deus?

Sirva esta semana de ênfase para nossas meditações sobre o caminho que trilhamos até chegarmos, como Igreja, à Casa do Senhor. Sirva também, para nos questionar: Como Jesus se sentiria no local que consagramos a, em seu nome, louvarmos ao Pai?

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