domingo, 17 de fevereiro de 2013

Jesus. Loucura e escândalo!

Ainda em nossos dias, fora dos círculos genuinamente cristãos, ao se falar sobre Jesus, as opiniões se dividem entre os que negam absolutamente que ele tenha sequer existido até os que admitem, porém com as ressalvas de que ele tenha sido apenas alguém além de seu tempo: um filósofo, um professor, ou qualquer coisa semelhante.

Essa foi uma das primeiras lutas dos cristãos. Eles resumiam sua resposta na frase latina aut Deus aut homo malus (ou era Deus, ou era um homem mau). Para os apóstolos e seus discípulos, aos quais hoje chamamos de pais da igreja (daí o nome Patrística para designar o período em que viveram, que vai pouco depois da morte do último apóstolo, antes do ano 100, até a morte de Agostinho em 430), isso era muito claro, uma vez que os grandes homens jamais ousaram dizer “eu e o Pai somos um” (Jo.10.30) ou se passar por Deus fazendo coisas próprias da divindade como perdoar pecados.

Veja como o próprio Jesus enfrentou esse problema: “E eis que lhe trouxeram um paralítico deitado num leito. Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Tem bom ânimo, filho; estão perdoados os teus pecados. Mas alguns escribas diziam consigo: Este blasfema. Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse: Por que cogitais o mal no vosso coração? Pois qual é mais fácil? Dizer: Estão perdoados os teus pecados, ou dizer: Levanta-te e anda? Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados - disse, então, ao paralítico: Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa. E, levantando-se, partiu para sua casa” (Mt 9.2-7). Percebeu? Para provar que podia perdoar pecados Jesus curou um paralítico. Afinal, perdoar pecados é imponderável, fazer com que um paralítico ande não!

Ou se aceita que Jesus era (e nesse caso, continua sendo) Deus, ou se deve estar pronto para dizer que ele era o maior mentiroso, impostor, ou doido que já existiu. Pois o lugar de quem se faz passar por Deus é o hospício. Pra dizer pouco.

Quando escreveu que Cristo crucificado é “escândalo para os judeus e loucura para os não judeus” (1Co 1.18), o apóstolo Paulo estava também se referindo a este problema.

Para os judeus era um verdadeiro escândalo que alguém tão simples como Jesus almejasse tal posição, jamais pretendida por algum deles, mesmo com melhores candidatos.

Você já parou pra pensar no episódio da transfiguração? Já o fez como se fosse um judeu? Que personagens apareceram? Moisés e Elias. Como os Judeus de então os viam?

Ambos fizeram milagres maiores do que Jesus. Moisés os alimentou com maná durante anos (em João 6.30-31 esse argumento é contrastado pelos judeus descrentes com a multiplicação de pães feita por Jesus). Porém, antes disso, submeteu todo o Egito com pragas, dividiu o Mar Vermelho, e o fechou sobre o exército egípcio, fez jorrar água da rocha, etc.

Quanto a Elias, o viam quase como nossos adolescentes vem os super-heróis: Controlou o clima durante 3 anos e meio provocando seca, foi alimentado por corvos, perenizou óleo e farinha na cozinha de uma viúva, ressuscitou seu filho, fez descer fogo do céu sobre o holocausto diante dos profetas de Baal aos quais matou, ordenou que viesse chuva, correu mais de 25 quilômetros adiante e mais rápido do que a carruagem do rei Acabe, por duas vezes fez descer fogo do céu a consumir 50 soldados com seu capitão, dividiu o Rio Jordão com sua capa e subiu ao céu numa carruagem de fogo.

Não é de admirar que os discípulos ficassem assombrados com a visão, nem que Pedro quisesse fazer tendas para os três. Foi necessária a intervenção de Deus: “Este é o meu Filho amado; a ele ouvi” (Mc 9.7).

Ou seja, para os Judeus, Jesus era pequeno diante de heróis como Moisés e Elias e eles esperavam que o messias fosse um herói que os libertasse da opressão romana, nunca uma vítima de holocausto.

Mas, e diante de não judeus? É absurdo! Loucura! Eis algumas reações de não judeus registradas nas Escrituras:

Sobre Jesus: “Todavia, tinham contra ele algumas questões acerca da sua religião e de um tal Jesus, que, embora morto, Paulo alega estar vivo” (At 25.19 Sec. 21).

Sobre Paulo e sobre o cristianismo: “Cremos que este homem é uma peste, promovendo rebeliões entre todos os judeus por todo o mundo, sendo o chefe da seita dos nazarenos” (At 24.5 Sec. 21).

E assim prossegue até hoje. Fica pior quando consideramos que os cristãos atuais cada dia mais desdizem os ensinamentos do Mestre, usando-os como fonte de lucro ou de poder atraem o que o apóstolo Paulo dizia dos judeus em sua época: “Pois, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por vossa causa” (Rm 2.24).

Que nós não estejamos entre os que fazem isto.

Nenhum comentário: