terça-feira, 29 de agosto de 2006

Pastores e Rebanhos

Dentre as muitas formas como a Bíblia fala do Povo de Deus a figura de um rebanho se destaca, tanto pela expressividade quanto pela quantidade de vezes. Certamente precisamos ter em mente um rebanho dos dias antigos, pois tal figura já era usada desde o Velho Testamento.

Há muitas opiniões sobre a razão de seu uso, entretanto, o que eu quero destacar é o fato de que todas as vezes que a Bíblia se refere ao Povo de Deus como um Rebanho, pressupõe, direta ou indiretamente, o trabalho de um pastor. Aliás, o próprio Deus é chamado de Pastor, e todos os pastores são mostrados como seus tipos (no sentido mais estrito).

Hoje, nossa Igreja, atendendo as diretrizes estabelecidas pelo próprio Deus, reconheceu em alguns homens esta capacitação divina: pastorear seu rebanho aqui; e os chamou, votando-lhes os ofícios de Diáconos e Presbíteros.

Certamente, por mais nobres que sejam, nossos irmãos eleitos, e os demais, não são perfeitos. Só Jesus, o Supremo Pastor, o é. Porém, na medida do dom com que foram agraciados por Deus, recebem sobre si o reconhecimento e a enorme tarefa de cuidar do Rebanho do Senhor.

Como Diáconos se atarefarão das necessidades materiais do Rebanho sem perder de vista as necessidades espirituais. Como Presbíteros, velarão pelas necessidade espirituais, sem, tampouco, deixar de considerar as materiais. Ou seja, uma não é superior a outra. Cada uma expressa a natureza dos dois únicos ministérios que a Igreja possui e exercita conforme a multiforme graça de Deus: ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Tais ministérios, “da Mesa” e “da Palavra e Oração”, nunca foram esquecidos pela verdadeira Igreja de Deus, e enquanto ela estiver neste mundo, será tão fiel a sua missão quanto mais fielmente desempenhá-los. Será tão evangelizadora, tão adoradora, tão profética, quanto melhor exercitar o cuidado para com os necessitados e quanto mais se dedicar à Palavra e Oração.

Para isso esses irmãos nunca poderão esquecer que o rebanho não lhes pertence. Eles devem zelar por conduzi-lo à águas tranqüilas e à pastos verdejantes com a mesma intensidade que devem lutar para afastá-los dos maus pastos e das más águas.

Não lhes é permitido arrastar o rebanho, atrás de si, como aqueles faladores, sobre quem o Apóstolo advertiu os Presbíteros da Igreja de Éfeso (At 20.30). Também não podem empurrar o rebanho como carroceiros apressados. Mas, no meio do Rebanho, servindo de modelo, andar, ensinar, curar, cuidar... enfim: apascentar.

Os ministérios aos quais estão afetos, pressupõem, também que amem mais o Senhor do Rebanho do que o próprio Rebanho. E, como o Senhor exigiu de Pedro, só poderão receber suas ordens para apascentar o Rebanho após declararem seu amor por aquele a quem eventualmente tenham negado.

A ordem é simples: “apascenta o meu rebanho”. Mas nela estava embutida as exigências “não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho”.

Por outro lado, a ordem dada ao Rebanho, também não podia ser mais simples: “Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros”. (Hb 13.17)

Que Deus tenha misericórdia de seus pastores, como tem de seu rebanho.

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