sábado, 15 de março de 2008

Entradas em Jerusalém

Quase setecentos anos antes de Jesus entrar em Jerusalém, montado em um jumento, os príncipes de Nabucodonozor também entraram: em montarias de guerra.

Dois anos antes eles haviam cercado Jerusalém, e, como registrou o cronista sagrado, levantaram tranqueiras ao seu redor. Por dois anos Jerusalém suportou falta de alimentos - felizmente havia um fonte dentro dos muros - mas ninguém podia sair da cidade.

Pacientes, os babilônios trabalharam até abrir uma brecha na muralha. Abriram e puseram em fuga todos os “homens de guerra”, que logo foram alcançados e desbaratados: o rei Zedequias foi preso com sua família.

Vingativos, os babilônios mataram a todos os príncipes e a família de Zedequias. Depois furaram seus olhos. A última coisa que ele viu foi sua corte e seus queridos serem mortos.

O profeta Jeremias estava lá. As ordens do rei da Babilônia eram claras: ele deveria ser protegido. Há muito tempo ele tinha falado que a única esperança para Israel era sofrer o cativeiro, e, desde então ele foi tido por traidor, e seu próprio povo tentou matá-lo.

O que era claro para Jeremias é que não se pode fugir do castigo de Deus. O melhor que se pode fazer é recebê-lo: “por a boca ao pó”!

Hoje nos lembramos do dia em que Jesus entrou em Jerusalém. Ele não teve de cercá-la, nem de abrir uma brecha em seus muros - nem cegar suas autoridades, pois elas estavam duplamente cegas - pelo contrário: foi recebido com gritos de alegria, palmas, ramos e roupas forrando o chão em que sua humilde cavalgadura passava.

Entretanto, ao ver a cidade de longe, diferentemente dos Babilônios, chorou de compaixão e lamentou: “Ah! Se conheceras por ti mesma, ainda hoje, o que é devido à paz! Mas isto está agora oculto aos teus olhos. Pois sobre ti virão dias em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras e, por todos os lados, te apertarão o cerco; e te arrasarão e aos teus filhos dentro de ti; não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não reconheceste a oportunidade da tua visitação” (Lc 19.42-44).

A situação de Jerusalém então era pior. Por um capricho, deram a João Batista um fim pior do que o de Jeremias, e agora recebiam o Filho de Deus, sem reconhecê-lo como tal. Recebiam-no como se fosse alguém um líder contra os Romanos.

Há certa semelhança com o que está acontecendo em nossos dias: Jesus tem sido recebido até com aplausos e festas, porém nunca como deveria ser. Às vezes o honram com títulos tolos, como o maior psicólogo, mestre, líder, etc. do mundo, porém nunca como o verdadeiro Deus em quem habita corporalmente a plenitude da divindade.

Hoje as palmas e as roupas que estendem por seu caminho são bajulações grosseiras e falta de respeito (para dizer pouco). Entretanto ele continua apresentando-se humilde como quem cavalga um animal de carga.

Ainda é tempo de reconciliação. O senhor ainda pode ser achado. Ainda está perto.

Não perca a oportunidade de buscá-lo.

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