sábado, 6 de julho de 2013

Famílias

Se analisarmos a família ao longo da Bíblia podemos achar diversas configurações.

1) A família ideal, como Deus queria que fosse: “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando- se os dois uma só carne” (Gn 2.24). Esta ordem divina foi dada antes do pecado e assim deveriam ser as famílias que fossem estabelecidas neste estado. Seriam unidades autônomas, pois não haveria perigos dos quais a família precisou se defender depois do pecado, via de regra tornando-se numerosa e multinuclear.

O Salmo 127 elogia a família numerosa. Diz que os filhos são herança e galardão do Senhor, pois o homem que tem muitos filhos “não será envergonhado, quando pleitear com os inimigos à porta”, o que pode ser uma alusão à defesa da porta de sua casa onde seus filhos agem como guerreiros (esclarecendo porque eles são chamados de “flechas na mão do guerreiro”) ou pode ser uma alusão a uma disputa civil feita no Foro das cidades de então: a porta.

Apesar de referir a uma família característica de uma sociedade sem pecado, de acordo com nosso Mestre e Senhor, os princípios estabelecidos, ainda continuam em vigor: a) A monogamia: Foi este o texto que o Senhor usou (Mc 10.2-12) ao repreender os fariseus que o tentavam a respeito do divórcio, mostrado que Deus criou a família para viver, sob suas bênçãos, em uma estrutura monogâmica. b) A vida na Igreja: Esse mesmo preceito será usado pelo apóstolo Paulo para exemplificar a união entre Cristo e sua Igreja (Ef 5.28-32). Que deixou seu Pai e uniu-se a sua igreja e assumiu sua natureza.

2) A família patriarcal. Foi a primeira conformação da família após o pecado. Era a grande família, multinuclear, apesar de todos os núcleos menores se reportarem ao Patriarca que era o núcleo central. De modo geral era poligâmica e os conflitos entre os filhos de uma esposa com os filhos de outra, ou até mesmo entre esposas, podem ser exemplados na família de Jacó.

Os servos e os agregados também faziam parte deste tipo de família, e os vínculos com alguns deles as vezes eram mais fortes do que com parentes de sangue. Lembre-se de Abraão e do damasceno Eliézer.

Porém, Jó tem uma família patriarcal monogâmica em que os múltiplos núcleos podem ser vistos nas casas de seus filhos e nas festas que davam uns para os outros.

Tudo indica que a família patriarcal era uma exigência de segurança, especialmente entre os nômades, que usavam a grande quantidade de homens como verdadeiro exército. Lembre-se de Abraão escolhendo entre seus servos 318 homens para lutar contra os Reis que ameaçavam a família de seu sobrinho Ló (Gn 14.14).

3) A família de Israel. Foi moldada no deserto, nos anos do êxodo, porém, algumas prescrições estavam reservadas para que ela a cumprisse apenas após a entrada na terra prometida. Por exemplo, a celebração da Páscoa, do Ano Sabático (com a quebra de vínculos de serviço e o acerto patrimonial decorrente do perdão das dívidas), e da Ano Jubileu quando as propriedades deveriam voltar a seus donos originais.

Não esqueça também que era a esta família, que se alguém que tivesse se vendido como escravo, ao fim do pagamento de sua dívida, se quisesse, tinha o direito de fazer parte dela (veja Dt 15.12-18), o que nos diz muito a respeito do regime de escravidão entre os judeus em que à época se exagerava dizendo que “se alguém arranjou um escravo, arranjou um patrão”.

Mas, além disso, a ela sempre se agregava outra, como as dos trabalhadores ou pelo menos a do Levita que via de regra era contratado para ensinar as crianças a ler a Lei do Senhor. Era essencialmente mononuclear, mesmo que com grande quantidade de filhos – alguns casados – vivendo, as vezes na mesma casa, mas mantendo uma independência quase total de cada núcleo.

4) A família do Novo Testamento já era contaminada por diversos costumes gentílicos e muitas vezes era totalmente gentílica e sujeita às piores influências das práticas cúlticas pagãs. Entretanto continuava mononuclear e em muitos casos podemos ver que a família acompanhava os rumos traçados pelo pai. As primeiras pregações eram claras: “serás salvo. tu e tua casa”. Ou “e creu e foi batizada ela e sua casa”, como é o caso de D. Lídia (At 16.15).

Em todas essas configurações de família, que podem incluir sobrinhos como Ló, ou servos com Eliezer e Onésimo e até mesmo “amigos mais chegados do que um irmão”, não encontramos uma modalidade que aparece hoje, pela simples razão de que seu núcleo central é sempre um homem e uma mulher (mesmo que um dos dois seja viúvo). Não encontramos na Bíblia famílias homossexuais, pois tal prática é a própria negação de seu alicerce.

Não há dúvidas de que em Israel havia casos de homossexualismo (se não houvesse não carecia de leis contra a prática) e alguns eram tratados com rigor e certamente a morte sempre ameaçava a todos. Porém, nunca – nem no mundo gentio, nem nas nações em que o homossexualismo era mais aberto como Roma – não há relato de que alguém se atrevesse fundar uma família sobre os alicerces homossexuais.

Voltamos ao Criador: Macho e fêmea os fez! O que passa disso foi agregado por nós depois do pecado.

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