O SENHOR opera através de meios ou sem eles. No primeiro caso dizemos que ele operou mediatamente e no segundo imediatamente.
Foi assim desde o princípio. Quando do nada fez a luz, ele estava operando imediatamente.
Quando do barro fez o homem, ele estava operando mediatamente: usava o barro como meio.
O Filho, a segunda Pessoa da Trindade também agiu assim, não apenas antes de encarnar-se, quando "agente executivo" da vontade do Pai (a Palavra que não volta para ele vazia, mas faz tudo o que lhe apraz), mas também "nos dias de sua carne". Quando disse "Lázaro, vem para fora" e o defunto Lázaro obedeceu, ele agiu imediatamente. Entretanto quando aplicou lama aos olhos do cego e mandou que os lavasse no tanque de Siloé para ficar bom, ele o curou servindo-se de meios: mediatamente.
Por semelhante modo o Espírito Santo, a terceira Pessoa da Trindade, ao manifestar-se no dia de pentecostes o fez imediatamente: capacitou aos primeiros cristãos a que falassem as "grandezas de Deus" em 14 idiomas diferentes. Idiomas que não eram conhecidos deles, nos quais eles nunca se expressaram, nem foram treinados para fazê-lo. Entretanto, na mesma ocasião, considerando outro ângulo do mesmo acontecimento, os demais que ouviram a mensagem foram atingidos através de um meio, pois não ouviram diretamente do Espírito Santo, mas daqueles que ele capacitou para tanto.
O princípio é o mesmo: Deus intervém. A forma como ele procede essa intervenção pode variar.
Todos os dias vemos a semente germinar e produzir muitas outras, mas não chamamos a isso de “multiplicação dos pães” – embora, em última análise, seja – nem sequer dizemos ser algo sobrenatural, embora seja um milagre tão óbvio quanto o que o Senhor Jesus fez na Galiléia.
Parece que é sempre assim: todos os começos demandam algum tipo de ação imediata que se estabiliza depois, através de meios que se repetem, e, pelo costume, acabamos chamando-os de naturais; mesmo que saibamos o quão “sobrenaturais” sejam.
Não foi assim na criação? Não foi assim no início da Antiga Aliança? Não foi assim na aplicação da Nova Aliança no dia de pentecostes?
No início era necessária uma capacitação imediata de falantes de muitas línguas. Hoje, esse mesmo milagre é realizado, pelos que aprendem uma língua, inventam sua representação gráfica, sistematizam-na em uma gramática, traduzem para ela as histórias contadas por seus falantes, ensinam tais falantes a “ouvir” tal língua a partir dos sinais grafados e reconhecer suas histórias. E, a partir de então, “para melhor preservação e propagação da verdade, para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo”, traduzem para ela as Sagradas Escrituras, já que “aqueles antigos modos de Deus revelar sua vontade ao mundo cessaram”.
Não poderíamos dizer algo semelhante sobre as habilidades de cura? Mas isso fica para a próxima semana.
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2 comentários:
Caro escritor
Vou me ater apenas a parte que diz "... já que “aqueles antigos modos de Deus revelar sua vontade ao mundo cessaram”... ".
Cessaram?
Eu conheço muitos irmãos pentecostais que são sinceros e tementes a Deus. Falam eles línguas de quem? O fato é que falam em outras línguas...
Não li muitos dos seus textos, mas nesta linha, vamos acabar concluindo que os milagres ficaram apenas para aqueles dias de Atos dos Apóstolos...
Sou contra os exageros é claro, mas entendi o seu ensino de mediata e imediata, então mais ou menos entendo que onde depende de nós faremos traduções, aprenderemos línguas, etc... mas num cantão da África, sem recursos, será perfeitamente possível que Deus imediatamente mova o falar em línguas sem que tenham aprendido para suprir aquilo onde a ciência do homem ainda não supriu mediado por Deus.
É uma reflexão complexa... negar absolutamente os dons carismáticos... ou então aceitar totalmente os "dons" e "revelações" ditas sobrenaturais hoje e que me parecem infantilidades espirituais.
Os dois limites me incomodam.
Mas deve haver um meio termo entre estes extremos.
Um abraço
Oliveira;
Duas coisas:
1) A frase é uma citação da Confissão de Fé a que todos nós pastores presbiterianos juramos observar e defender. E, no meu caso, principalmente, expressão de minha fé pessoal. Eu acredito nisso.
Não duvido, nem um pouco, de que existam pessoas tementes a Deus que não crêem nisso. Porém ponho em dúvida a fonte de tais dons (o que não significam serem produtos de má fé)talvez de um "espírito de época" (entusiasmo, modismo, etc).
2) Não estou dizendo que não haja mais milagres. O que digo (e tentei provar no artigo) é que as coisas que geralmente chamamos de naturais, na verdade são milagres. Milagres com os quais infelizmente já nos acostumamos.
Ab
Fôlton
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