“Senhor, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração”. Quando leio esse texto penso que Moisés estava meditando em como Deus protegera a José - a quem sucedera como líder desse povo que agora ele conduzia pelo deserto - como protegera a Jacó, a Isaque e a Abraão através de tantos descaminhos. Um verdadeiro refúgio de geração em geração.
Talvez, antes deles, Moisés já tivesse isso em mente ao perceber que Abraão tinha mais de 50 anos quando Noé morreu. E Noé, por sua vez, conviveu com Lameque. O mesmo Lameque que nasceu uns 50 anos antes do próprio Adão morrer.
Às vezes penso nos registros que Moisés deve ter lido na maior biblioteca de então no Egito. Porém logo me lembro das palavras do Senhor Jesus: “Moisés ... escreveu a meu respeito” (Jo 5.46). Afinal, Moisés registrou detalhes da história que só o próprio Deus sabia.
Tudo o que aconteceu no Éden, o castigo de Babel, o dilúvio, o chamado de Abraão. Tudo isso, desfilava diante de seus olhos e ele escreveu: “Pois mil anos, aos teus olhos, são como o dia de ontem que se foi e como a vigília da noite. Tu os arrastas na torrente, são como um sono, como a relva que floresce de madrugada; de madrugada, viceja e floresce; à tarde, murcha e seca”.
Agora a incredulidade daqueles que viram o mar se abrir os condenara a vagar pelo deserto. Uma geração inteira tinha de morrer no ermo. Todos os que nasceram no Egito, com exceção de Josué e Calebe, jamais poriam os pés na terra da promessa. E, meditando nisso ele escreve: “somos consumidos pela tua ira e pelo teu furor, conturbados. Diante de ti puseste as nossas iniqüidades e, sob a luz do teu rosto, os nossos pecados ocultos. Pois todos os nossos dias se passam na tua ira; acabam-se os nossos anos como um breve pensamento”.
Moisés, que já estava com mais de 90 anos, podia falar que depois dos oitenta o melhor de seus dias fora canseira e enfado. Estava cansado.
Estava cansado, mas não desanimava nem desacreditava da misericórdia do Senhor: “Volta-te SENHOR. Sacia-nos de manhã com a tua benignidade, para que cantemos de júbilo e nos alegremos todos os nossos dias. Alegra-nos por tantos dias quantos nos tens afligido, por tantos anos quantos suportamos a adversidade”.
Estava cansado, mas sentia vontade de ainda fazer alguma coisa: “Seja sobre nós a graça do Senhor, nosso Deus; confirma sobre nós as obras das nossas mãos, sim, confirma a obra das nossas mãos”.
E hoje? Não podemos ver com muito mais detalhes como o SENHOR tem sido nosso refúgio de geração em geração? Além da sarça, não vemos aquele que a fazia arder? Acaso Babel não foi invertida? Do dilúvio não fomos salvos? Acaso já não ante-vivemos a verdadeira terra da promessa?
Ah! Senhor; tem misericórdia de nós que esbanjamos muito mais prodigamente nossos dias e ensina-nos a contá-los com coração sábio. Ensina-nos a usar melhor o tempo que tu nos destes. Abençoa as obras de nossas mãos: hoje, em 2008, e até o dia eterno.
Amém.
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