sábado, 15 de dezembro de 2007

O natal e o nascimento de Jesus

Quem comemora apenas o natal, comemora a possibilidade de gastar um pouco mais. Afinal o tal “espírito natalino de generosidade” é apenas uma faceta a mais do velho e perverso consumismo.

Quem comemora o nascimento do Deus-Homem, comemora o inusitado, o inaudito: Deus fazendo-se semelhante à suas criaturas para, redimindo-as, fazê-las cumprir o propósito original para que foram criadas.

 

Quem comemora apenas o natal, completa o tal “espírito natalino de generosidade” entregando-se, com dissolução, a uma alegria efêmera vinda da comida e da bebida, ou de coisas piores. E declara, sem dar-se conta do que está confirmando debochadamente, que o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores - diante de quem se dará de toda palavra frívola (Mt 12.36) - nasceu.

Quem comemora o nascimento do “Deus-Conosco” alegra-se na esperança de que a maior festa que possa fazer será nada, comparada com a que celebrará, com ele e com todos os queridos que já estão com ele. Porém não deixa de ser um antegozo, se feita para seu louvor.

 

Quem comemora apenas o natal, degrada o sacrifício eterno, que não se limitou à cruz, mas começou na manjedoura, exatamente com um comportamento oposto às pompas, luxo, usura e devassidão com que uma mídia insensata e uma multidão supersticiosa a tratam.

Quem comemora o nascimento daquele que é a “expressão exata do Pai” dobra-se ajoelhado diante de tal mistério e de tal pessoa, e, sem saber como, mas crendo na promessa e na misericórdia - essência de seu proceder - oferta o ouro de suas posses, o incenso de seu louvor e a mirra de sua vontade alquebrada, aos pés de seu Senhor, ao dispor de sua vontade.

 

Quem comemora apenas o natal, faz sua própria vontade, atende seus próprios desejos, gasta para promover-se, presenteia para ser lembrado ou para receber outros em retribuição, ou, ainda, para acalmar uma consciência cheia de cicatrizes de remorso pelo que não fez de bom o ano inteiro.

Quem comemora o nascimento daquele em quem “habita a plenitude da divindade” esvazia-se de si mesmo, como ele fez, e presenteia mais com o coração do que com bolso. Mais com o amor mais do que com o interesse. Mais de si mesmo do que daquilo que o dinheiro pode adquirir.

 

Quem comemora apenas a natal, entrega-se a símbolos supersticiosos e comerciais de coisas que nunca fizeram parte daquele momento sublime e chega a idolatrá-las e as vezes a impô-las.

Quem comemora o nascimento daquele que “não se envergonha de ser chamado nosso irmão” - apesar de sermos menos do que nada, e muitas vezes desonrarmos sua amizade - tem os motivos certos para alegrar-se, festejar, e depositar tudo aos pés do Rei dos reis e Senhor dos senhores.

 

Que neste natal tenhamos a sabedoria de, nos momentos mais efusivos, manter nosso pensamento em seu real significado, e sermos gratos. Gratos, pelo grande amor como que fomos e somos amados.

6 comentários:

Anônimo disse...

Excelente texto. Hoje, mais do que nunca, precisamos fazer a distinção entre o feriado e o verdadeiro sentido da vinda de Cristo ao mundo mediante seu nascimento em Belém da Judéia.

Parabéns pelo Blog.

Um abraço!

folton disse...

Obrigado Charles.
ab
Fôlton

Anônimo disse...

Caro Rev. Fôlton,

Mais uma vez: profundidade, beleza de estilo e piedade. Que Deus continue a lhe usar. Abraço, Ageu.

folton disse...

Obrigado Ageu.
ab
Fôlton

Oliveira disse...

Caro Reverendo

Desejo um Feliz Natal ao nobre colega, no seu verdadeiro sentido, que o seu texto nos faz refletir.

Este foi um ano muito bom.
Aprendi muitas coisas.
E o senhor foi um dos canais que Deus utilizou para me fazer crescer.

Seu blog tem sido um benção para mim.

Um grande abraço.

folton disse...

Caro Oliveira;

Os desejos siceros de Feliz Natal são recíprocos. A ti e aos teus.

Quando ao Blog, é bom saber que ele está atigindo seus objetivos. Por favor, não deixe de criticar e ele ficará melhor.

abraços
Fôlton

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